Mato Grosso e o Brasil podem estar apostando em estratégias equivocadas para conter o avanço da covid-19. Os gastos públicos para equipar hospitais para tratamento dos pacientes com o quadro grave da doença tendem a crescer, sem gerar resultado de combate.
A avaliação é do especialista em administração pública de Saúde, Laudicério Aguiar Machado, representante da empresa norte-americana Med Gear em Mato Grosso. Há 15 anos na área, ele afirma que os gestores públicos brasileiros estão seguindo a “direção inversa” para cercar o novo coronavírus.
“Não adianta só gastar dinheiro com UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). Para controlar a doença, é preciso fazer a testagem em massa. É o caminho viável para identificar o foco do contágio e implantar políticas comunitárias de controle da pandemia. Ao contrário, os gastos públicos só vão aumentar”, afirma.
O especialista afirma que os gestores estão deixando passar as informações sobre a residência de pessoas infectadas para rastrear a rede de contatos e isolar os potenciais doentes (casos suspeitos).
“Se a pessoa teve diagnóstico confirmado, é necessário perguntar para ela com quem ela esteve e depois chamar essas pessoas para fazer o teste. Se o resultado for positivo para essas pessoas, inicia-se o ciclo novamente”, pontua.
Ação comunitária
Esse controle seria possível por teste de identificação do coronavírus no organismo humano a partir de 24 horas após a infecção. O produto segue o modelo do teste considerado padrão ouro RT-PCR, o que tem sido mais utilizado no Brasil e outros países para um resultado seguro na pandemia.
“Esse produto foi desenvolvido pela Coreia do Sul com foco voltado para a política de testagem em massa e também para suprir a falta do RT-PCR no mercado, por causa da pandemia. A depender do laboratório, o resultado pode sair de 30 minutos a quatro horas”, diz Laudicério.
Ele diz que já existe uma indicação de como os focos da doença devem ser identificados. A partir dos dados compilados pelos órgãos de saúde, adota-se a medida de bloqueio total (lockdown) em bairros.
A força de segurança pública e os agentes comunitários passariam para o front de trabalhos de Saúde, hoje restrito aos hospitais de porta aberta, como UPAs e policlínica, e depois os hospitais de referência, já num estágio de quadro clínico agravado.
“A gente tem produto em estoque e ao preço acessível, que custa bem menos que um respirador mecânico. Essa estratégia já vem sendo adotada por outros países e é o caminho do controle, porque não sabemos em quantas ondas o contágio vai ocorrer”, afirmou.
Taiwan, Estados Unidos Nova Zelândia e Equador estão na lista dos países que adotaram o sistema de testagem em massa. A Nova Zelândia foi o primeiro país do mundo a erradicar a covid-19 de seu território.