A incerteza sobre o dia de amanhã – o futuro de uma forma geral – passou a ser uma constante na vida das pessoas, desde a chagada da pandemia do novo coronavírus. E a forma como alguns reagem a essa mudança acendeu um alerta vermelho sobre a saúde, não do corpo, mas da mente.
Dados do Sindicato das Farmácias de Mato Grosso (Sincofarma-MT) apontam para um crescimento, entre março e junho, na procura por medicamentos contra insônia, estresse e depressão. O aumento chegou a casa dos 22%.
“Observamos o aumento tendo em vista as situações extenuantes de trabalho, conflitos familiares, perda de emprego”, observa o presidente do Sincofarma, Hamilton Teixeira.
Entre os meses de abril e maio, um levantamento do Google mostrou que a palavra insônia foi a mais procurada em sua plataforma. Em consequência, a procura por substâncias que auxiliam no tratamento cresceu 130%.
No Brasil, a filial da Aspen Pharma, empresa do ramo farmacêutico, registrou aumento de quase 60% nas vendas de um fitoterápico calmante, em maio, quando comparado ao mesmo mês do ano passado.
A produção, segundo a empresa, chegou a 188 mil unidades do produto que alivia os sintomas da ansiedade e da insônia.
Por outro lado, Segundo o Centro de Valorização da Vida (CVV), não houve aumento no número de chamadas durante a pandemia. A instituição trabalha com a prevenção de casos de suicídio.
Onde mora o perigo?
Segundo o Conselho Regional de Farmácia (CRF-MT), o principal perigo está nas intoxicações que podem ser causadas pela automedicação.
Para se ter uma ideia, o paracetamol – comumente usado – pode causar hepatite tóxica. Já a dipirona oferece o risco de choque anafilático, uma reação alérgica grave, de acordo com a dose.
Segundo o presidente do CRF-MT, Iberê Ferreira da Silva Júnior, a instituição também notou o aumento na procura por vitaminas, sais minerais e dos remédios receitados pelos médicos para o tratamento da covid-19, como ivermectina e hidroxicloroquina.
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No Estado, o conselho tenta coibir a venda indiscriminada dos medicamentos.
“Todo medicamento envolve risco. Isso é fato. Mas o fundamental é não se automedicar, por isso é importante procurar o farmacêutico. Não use medicamentos sem orientações”, ele alerta.
No Brasil, o hábito da automedicação é comum. O uso de medicamento por conta própria foi relatado por 77% dos brasileiros, em pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF).
Nas regiões Norte e Centro-Oeste, o índice é ainda maior e chega a 80%.
Entre os medicamentos mais utilizados pelos brasileiros nos últimos seis meses estão analgésicos e antitérmicos (50%), antibióticos (42%) e relaxantes musculares (24%).