Ednilson Aguiar/O Livre
Uma cerimônia marcada pela emoção selou a união do taxista José Milton Pinheiro Galvão e da costureira Maria Vanderlice de Souza, primeira paciente do Hospital de Câncer de Mato Grosso a se casar na capela da unidade.
Eles se conheceram há quatros, quando Maria pegou uma corrida com José. “A corrida foi num sábado, fomos conversando tranquilamente. Ao final, ela me convidou para almoçar no dia seguinte”, lembra José, que estava solteiro e aceitou o convite de imediato. “Ela foi ousada”, afirma.
Passados três meses do primeiro olhar, o casal decidiu levar a sério aquele relacionamento que aconteceu do acaso. Em um dos encontros despretensiosos, José pediu Maria em namoro e obteve um sim como resposta.
Tudo ia bem na vida do casal até que Maria, sem saber que estava doente, procurou um médico. No diagnóstico algo raro e severo, um Mieloma Multiplo – tipo de câncer nas células plasmáticas da medula óssea. “Vi minha vida mudar da noite para o dia, mas ele permaneceu ao meu lado”, comenta Maria.
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José promteu que se casaria com Maria assim que ela se recuperasse. Deu certo.
Foram dois anos de luta contra a doença, uma cirurgia ariscada para a retirada de dois tumores e incontáveis sessões de quimioterapia. “Ele lavava meus pés e dizia você vai ficar boa, curada e eu vou me casar com você”, lembra Maria.
“Eu acreditei na promessa dele e hoje estamos aqui”, comemora a noiva. Foram três meses costurando cada detalhe do vestido que usou durante a cerimônia. Amigos, familiares, médicos e enfermeiros cuidaram dos outros detalhes para que o casamento se concretizasse.
Pouco antes dela entrar na capela ao som de “Como é grande meu amor por você”, entoado pelo coral de colaboradores do hospital, José já dizia aos convidados: “tenho a certeza que ela estará linda, ela é maravilhosa”.
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Casal diz que a escolha da capela é uma forma de retribuir o atendimento e carinho recebido da instituição
E José tinha razão. A noiva estava linda, feliz e emocionou os convidados e curiosos que passavam pelos corredores do HC, tentando fazer um vídeo ou uma foto da cena. “É emocionante ver a superação dela, o amor predominou para que eles realizassem esse sonho”, comenta a amiga e cliente da noiva, Elaine Pena.
Uma das mais emocionadas durante a cerimônia era mãe da noiva, Maria Aparecida de Souza. Além da alegria de casar uma filha, a mãe fez questão de compartilhar os momentos críticos que passaram como um exemplo de superação e fé. “Ela voltou a ser criança, precisou aprender a andar, a comer, muitos acharam que ela não sobreviveria. É um dia de muita alegria”, resumiu a mãe sem esconder as lágrimas.
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A mãe da noiva, Maria Aparecida de Souza, não escondeu as lágrimas e disse que filha é exemplo de superação
Para o casal, a escolha da capela do Hospital de Câncer é uma forma de retribuir o atendimento e carinho recebido dentro da instituição. “Uma questão de gratidão a Deus e ao serviço aqui prestado”, ressalta o noivo.
Maria segue em tratamento, está na fase de manutenção, e diz continuará olhando a vida de maneira positiva. “Eu ainda tenho células indesejadas no meu corpo, mas eu tenho que viver a vida. Não posso lamentar”, alega.
Ela destaca que sabe da gravidade do problema, mas quis tornar sua história pública para que outros pacientes vejam que há casos de sucesso em relação ao tratamento contra câncer. “Tudo o que a gente precisa nesses momentos são de histórias boas. O amor e a fé movem montanhas e se precisar que o José lave meus pés novamente, sei que ele vai fazer”, finaliza.
