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Os primeiros passes de Neymar: conheça a quitinete onde o craque morou em VG

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Os primeiros passes de Neymar: conheça a quitinete onde o craque morou em VG
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Há 21 anos, quando chegou em Várzea Grande, o principal craque da seleção era apenas um desconhecido. Era só o filho de Neymar, recém-contratado atacante do Clube Operário Várzea-grandense (CEOV). Não era ainda o Neymar Júnior campeão olímpico, autor do gol do título brasileiro, mas era filho do homem-gol do “chicote da fronteira”, autor do título do campeonato estadual de 1997.

Naquele ano, Neymar Júnior passou três meses em um conjunto de quitinetes na Rua Alemanha, no bairro Jardim Cerrado. O imóvel é um desgastado prédio de cores pálidas, hoje desocupado. O menino brincou pelo corredor da área comum onde atualmente não há nada além de uma bola vermelha, deixada no canto do muro.

Ali, ele deu seus mais consistentes passos e passes, aos quatro anos de idade. Neymar dividia os 43 metros quadrados da quitinete com o pai, a mãe Nadine e a irmã Rafaella. A quitinete tem dois quartos, sala, cozinha, banheiro e uma lavanderia.

O contrato de aluguel foi assinado pelo então presidente do Operário, Maninho de Barros. O cartola alugou também outras quatro quitinetes no mesmo endereço, todas destinadas a jogadores casados e pais de família, como era o pai de Neymar.

A proximidade com a zona de prostituição da cidade, conhecida como “Zero”, obrigava os proprietários a rebaixarem o valor do aluguel, que custava R$ 250. A quantia era paga pela diretoria do clube. Não pagar aluguel desafogava os jogadores. O pai de Neymar, por exemplo, recebia cerca de R$ 2 mil para vestir a camisa do clube tricolor.

“Era um salário bom naquele ano. Se fosse comparar com o que é pago hoje em dia, seria mais ou menos uns R$ 10 mil”, calcula o ex-diretor de futebol Gigi Búfalo, hoje dono da Búfalo Escola de Futebol. Gigi foi uma das pessoas mais próximas ao pai de Neymar e, por consequência, aproximou-se também do pequeno craque.

Como diretor de futebol do time, ele era responsável por buscar o jogador em casa e levá-lo aos treinos. O dirigente chegou a jantar na casa da família Santos, algo incomum para uma família tão reservada e com uma passagem tão breve por terras várzea-grandenses.

“Eles eram bem na deles e o Neymar era um cara muito certo e honesto. O filho dele fez o que o pai não era acostumado a fazer: cercou-se mais de pessoas próximas”. comenta Gigi. “Nós já nos reencontramos algumas vezes, e ele sempre demonstrou muito carinho; é um cara muito tranquilo, muito gente boa”, diz.

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O menino e a bola

O interesse pela bola é uma herança paterna e foi com o pai que Neymar aprendeu a comemorar. Ali mesmo, em Várzea Grande, o garoto assistiria o pai atacante vencer o campeonato mato-grossense pelo Operário, com direito a marcar o gol do título sobre o União, time de Rondonópolis.

“Ele foi muito importante, assim como os outros reforços que eu trouxe do Paraná, foram providenciais. Antes da chegada de Neymar e dos outros reforços, o time estava em último lugar na primeira fase do Estadual”, comenta orgulhoso Maninho de Barros, o cartola várzea-grandense.

Antes do título, nos dias de treino, Neymar Júnior deliciava-se quando era levado por Gigi Búfalo para assistir aos rachões no Estádio Dito Souza. Ali, o garoto peralteava e driblava Geraldo Malaquias, massagista do time. “Ele ficava na beira do campo e queria o tempo todo chutar a bola. Era eu quem cuidava para ele não ir”, relembra o ex-funcionário, que se aposentou do futebol.

Memória perdida

É muito provável que o pequeno Neymar fazia daquele corredor diminuto seu campo de futebol nos dias normais ou, quem sabe, a própria Rua Alemanha, esburacada e silenciosa deste então. As memórias, no entanto, esmaeceram. Além da bola vermelha no terreno abandonado, nada e nem ninguém lembra da passagem do menino que hoje é craque do Paris Saint-Germain e da Seleção Brasileira.

“Eu fiquei muito surpresa quando soube que ele morou aqui, ninguém lembrava. Na época, eu não era sócia do meu pai, não ajudei a alugar para os jogadores”, diz Vivane Calegari Lopes, que cuida do imóvel. Há mais de três meses nenhuma quitinete é alugada, pois os proprietários planejavam fazer uma reforma e pediram para os antigos inquilinos saírem.

Não à toa, aranhas, gatos e mosquitos tomaram conta dos aposentos. Na área comum, o mato cresce como tufos de cabelo no pavimento. E a velha bola vermelha continua lá, sem um menino peralta para chutá-la. Bom para nós, várzea-grandenses, cuiabanos, mato-grossenses e brasileiros, que vamos ver o menino chutar uma outra bola. A bola da Copa da Mundo na Rússia e quem sabe a bola do gol do hexacampeonato mundial.

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