A semana que passou movimentou com intensidade o caldeirão político. À medida que o tempo improrrogável das decisões vai se aproximando, mais clara fica a desorganização de uns, desespero de outros e horas e mais horas de conversas que, na maioria das vezes, revelam-se improdutivas para quem tenta construir uma via própria.

Alguns fatos novos ocorreram. Pivetta, depois do destempero verbal nas redes sociais, em um ataque pessoal e virulento à figura do governador – gesto inimaginável de descontrole emocional para quem se propõe a gerir o destino do Estado pelos próximos 4 anos. Não foi uma crítica à gestão em que acreditara, mas o vômito descontrolado de um fígado doente pelo ódio. Aliás, humildade e carinho no trato com os que o cercam, nunca fizeram parte de suas características.

Chamou, ainda, a atenção não só pantaneira, mas também a nacional, a nova denúncia oferecida contra o Ministro Blairo Maggi,  por corrupção, pela Procuradoria Geral da República ao STF. Raquel Dodge carregou nas tintas e colocou Blairo com as barbas de molho, tentando, através de uma nota marota, alegar que era o requentar de uma denúncia idêntica já arquivada pelo ministro Dias Toffoli em 2014.

Não era. A nova denúncia, com fatos já citados na primeira, vem com novos dados, baseados nas delações premiadas de Silval Barbosa, que o sucedeu, e Pedro Nadaf. Nela, Blairo, segundo Silval, deixou a ele o encargo de pagar os acertos pendentes e não foram poucos. 

Outra denúncia, que deve ter tirado o sono do prefeito Emanuel Pinheiro, foi o pedido de afastamento do cargo, pelo Ministério Público, baseado nas filmagens – ainda não explicadas – do dinheiro nos bolsos do paletó. A juíza Celia Vidotti, em conformidade a outras duas decisões sobre o mesmo caso, manteve-o no comando do Alencastro, com bens bloqueados, havendo quem diga que ainda muita água vai rolar. Nesse jogo de espera era notável o olhar de cobiça do jovem vice-prefeito, Niuan Ribeiro, que deixaria a dura disputa para deputado estadual, para comandar, como prefeito, a festa dos 300 anos da capital.

Surpreendente, também, foi a declaração do Rei da Indecisão, Mauro Mendes, que transfere, a seu bel prazer, tornar publica uma decisão já tomada faz tempo: não será candidato a governador. Problemas que o impedem de sair do comando de suas empresas, causados , segundo ele, pela dedicação à prefeitura, impedem-no de liderar tal empreitada. Parece querer, nesse jogo de empurra, manter o nome em evidência para a disputa pelo Alencastro, novamente, em 2020, quando deverá, então, estar com a vida empresarial novamente regularizada.

Mauro, agora, já admite, depois de o cavalo ter passado arriado a sua frente, ser vice de Pivetta. Seria chapa dos dissidente, dos ex-amigos, ex-companheiros, ex-colaboradores, ex coordenadores inconformados com a incompetência e desprezo à gestão pública e que querem, agora, juntar suas experiências, como a expiar a culpa da responsabilidade de cada um na eleição do governador atual. Como vice, Mauro teria tempo de sobra para suas atividades empresariais.

Pivetta, com 3 mandatos na Prefeitura de Lucas do Rio Verde, já começa a ocupar o espaço dos descontentes: monta um Plano de Governo que sairá depois de uma reunião amanhã, terça-feira (7), com o regresso de Muro Mendes, em viagem para decidir qual caminho a seguir. Definida a chapa Pivetta/Mauro, vão em busca de Wellington Fagundes, com a doce ilusão de fazê-lo desistir de uma candidatura – hoje a mais consolidada –  e única com cara de oposição de fato, para que desista do seu projeto de governar Mato Grosso, com o argumento de quem tem ainda mais 4 anos no Senado não precisa concorrer agora. Seria mais importante apoiar a dupla Pivetta/Mauro, para consolidar uma vitória em primeiro turno. Vão precisar, primeiro, combinar com os russos, quem em tempos de Putin parecem ser surdos a acordos que não seja os que lhes favorecem

Por fim, a lamentável notícia da representação feita pelo Deputado Zeca Viana, ao Ministério Público Federal, com comprovantes de transferências bancárias anexadas, pedindo a perda dos direitos políticos de Pedro Taques acusando-o de reter 112 milhões de reais em recursos carimbados para a Saúde Pública do Estado, depositados nas contas do Estado desde fevereiro. Não repassou e  também não cumpriu o compromisso firmado, em ata, de que desse montante, 33 milhões seriam destinados aos hospitais filantrópicos, que já há muito estão em estado de penúria. Onde anda o MP que passa ao largo de tantas irregularidades comprovadas e  denunciadas pela imprensa diariamente? Seria espírito de corpo? Com a palavra, o MP.

A saúde, nesse governo, foi, sim, tratada com irresponsabilidade! Esta marca terrível, tatuada na testa do governador jamais lhe será tirada, além de ser uma grande pedra no caminho da sua reeleição. Ele igualou-se aos demais políticos tradicionais tão repudiados hoje pela população. É mais um que mente. É mais um que prometeu e não cumpriu

José Pedro, hoje, está mais para o José, do poema de Drummond de Andrade, em uma de suas obras mais famosas que fala em um trecho: 

“E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?…”

Ele hoje está mais próximo de José que de Nelson Gonçalves, o cantor das multidões.

À medida que o tempo vai encurtando, coisas vão acontecendo. Quem conseguirá elaborar a melhor iguaria a oferecer –  se é que haverá alguém – é coisa que ainda teremos de esperar.

*Ricarte de Freitas
Advogado, analista político e ex-parlamentar

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