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Óbvio ululante

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Óbvio ululante
Imagem Ilustrativa (Foto: Reprodução)

“Aquelas irmãs fazem tudo igual. É um absurdo!”, disse a amiga, na mesa do restaurante, comentando os dilemas da família conhecida.

Ela se pôs a discorrer sobre o absurdo da história. “Onde já se viu querer tudo igual? Cada pai dá o que quer para cada filho”.

[featured_paragraph]Eu achei que fosse piada. Ouvia absurdos desde pequena, mas antes de começar a rir, quis validar o que ouvira. “Você está brincando, né?”, quis dizer, já prestes a cair na gargalhada.[/featured_paragraph]

“Claro que não! É o que acredito! A fulana é uma tola por dar tudo igual para os filhos”.

Aquilo me deixou incomodada. E me obrigou a pensar no assunto.

Para mim, era quase uma crença a ideia de que irmãos deveriam ter tudo na mesma medida — amor, direção, cuidado e até bens, se possível. Não precisei aprender isso em uma igreja, mas era algo inerente à minha concepção de vida.

Não falei isso para ela. Não quis arrumar briga por algo que discordávamos. Não valia a pena.

Pensei na amiga, que tinha dois filhos. Será que ela exibia sua predileção por algum? Será que se dedicava mais para um do que para outro?

Fiquei arrependida por ter tais pensamentos, mas não consegui evitar. Não achava justo que houvesse diferença no tratamento dos filhos pequenos. Achava que isso poderia acarretar sérios problemas no desenvolvimento de uma criança.

Não me contive e pensei em minha vida. Tenho apenas um filho. Nunca precisei me preocupar se sou imparcial. Nunca tive que pensar se gosto mais de um do que de outro. Ainda assim, tinha uma certeza: se tivesse mais de um filho, lutaria para ser justa. Nunca deixaria um lado falar mais alto do que outro. Meu coração e minha convicção andariam de mãos dadas. Assim como deveria ser com todos os pais.

A ideia de igualdade entre irmãos é tão óbvia, tão lógica, mas precisa ser lembrada de tempos em tempos. De verdade, não deveria acontecer só em casa, mas deveria ser um direito universal. Um mundo igual para todos, eu imaginei. Quanta ousadia a minha! Quanta subversão! Pena que nunca poderei dividir, sem confronto, essa ideia com minha amiga nem com os pais daquela família conhecida.

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