O artista Zeilton Mattos participa da coletiva ‘Doze Discípulos’, exposição com doze artistas brasileiros, que será aberta no próximo dia 2 de outubro, em Paris, no Centro de Cultura Maurice Ravel, na França. A mostra segue até dia 26. Considerado artista dos mais pluralistas de Mato Grosso, Zeilton revela em suas obras uma interessante fusão entre essência da baianidade [onde nasceu] com a riqueza dos valores da cuiabania [onde vive desde os 5 anos]. É neste casamento bem-sucedido que ele dá o tom da brasilidade às suas telas.
Com quatro trabalhos – a moça e a angola, a musa, homenagem à França, o vaso de romã -, o artista plástico volta a exibir a exuberância de suas mulheres, doces, femininas, porém, empoderadas. Cuidadosamente rodeadas de alguns de seus mais amados elementos: as romãs e a galinha de angola, desvelando a saudade do menino que ao passear pelas antigas ruas da capital, observava curioso os quintais cuiabanos.
Para o artista, as telas vão mostrar em terras europeias um pouco de sua técnica, de suas cores, enfim um pouco de sua identidade. Em uma delas, o galo – um dos elementos mais presentes em sua arte -, Zeiton realiza uma interessante homenagem ao colocá-lo para interagir com um elemento que é, igualmente, originário da França.
Além de outras iconografias como a Torre Eiffel, os balões e ainda adorna seu galo com a arte de Henri Matisse [A dança], tela mundialmente conhecida de um dos mais famosos pintores da França, cuja obra está exposta no Museu de Hermitage, em São Petersburgo, na Rússia.
Nas telas que já seguiram para Europa, Zeilton ainda realiza um magnífico passeio semiótico, carregado de preciosismo, pois imprime às suas telas, ao revisitar algumas fases de sua arte, elementos não-verbais, porém, carregados de interpretações.
Ao brincar com suas angolas, suas romãs, suas angelicais libélulas ou seu galo, ele insere estes elementos em cores minuciosamente bem casadas. Em pinceladas que às vezes parecem terem sido tocadas por Merlin, o mago. Pois cada pincelada conta uma história e revela a magia de um trabalho que busca ressignificar a sua infância.
É como se como se o menino não conseguisse deixar partir o homem que cresceu. Nem tampouco, o artista deixa que se vá a criança que corre dentro dele.
Autodenominando um pintor popular, uma espécie de MPB da arte, Zeilton – que para alguns críticos é um surrealista de mão cheia – tem ainda este ano outras exposições, como a participação também em Paris, na coletiva que será realizada no Carrousel Du Louvre de 19 a 21 de outubro. Depois de 03 a 10 de novembro, em Portugal, no Clube Nacional de Artes Plásticas, em Lisboa. E no Brasil fecha o ano com a participação em uma mostra no Rio de Janeiro, no 2º piso do Via Parque Shopping, de 29 de novembro à 05 de dezembro.
Força mato-grossense
Também participa da exposição no Centro de Cultura Maurice Ravel, em Paris, Valques Pimenta, que já mostrou sua arte naif no corredor do Carrossel do Louvre.
Em seu universo naif, Valques ressignifica – de forma sempre muito colorida – as iconografias populares. Ainda que desta vez nas telas que vão estar em Paris, Valques faça um novo diálogo, bem para além do cenário bucólico da zona rural muitas vezes presentes em suas telas. Agora, o artista naif opta em passear pela arquitetura e as flores das cidades europeias.
Anteriormente assinando como Valques Rodrigues, o pintor passou a usar o sobrenome do pai, o também artista plástico Nilson Pimenta, que faleceu em dezembro de 2017, como forma de homenageá-lo.
Também dois outros mato-grossenses estão entre os 12 artistas brasileiros que vão participar da coletiva de Paris: Sebastião Mendes e Osíris Paulo. Uma exposição multifacetada que revela artistas com estilos bem variados. Assim, terá desde o naif, aquarela, surreal, pop até fotografias.
