Sempre faço esta pergunta: o que alguém faria se não houvesse pressão? Além do ócio, que seria muito bem-vindo, não dá para imaginar uma vida sem um trabalho, um hobby, uma vocação. Teríamos que preencher o tempo de alguma forma.
Claro que esse questionamento aparece quando escolhemos uma profissão. Mas nem sempre estamos maduros na hora da decisão. Além disso, podemos nos render à pressão da família, dos amigos e do mercado de trabalho. É quase uma opção sob pressão.
Mas, e se você fosse completamente livre para escolher? Sem pensar em dinheiro, em títulos ou cargos? Sem espaço para modismos e influência externa? Qual caminho seguiria?
Fui obrigada a refazer esta pergunta há uns 4 anos, quando saía de uma crise.
Pensei na minha infância e na adolescência: o que gostava de fazer?
Pensei nas aulas de jazz, em alguns diários que tive e na escrita como fuga. Lembrei que imitava uma professora quando precisava estudar uma matéria e fazia discurso sobre o tema sem nem ter plateia. Lembrei das revistas que curtia com as imagens dos lugares que queria visitar. Das fórmulas de xampu que inventei com as folhas do jardim da praça. Das cidades que construía com meus primos no quintal da vó Biloca.
Tantas coisas! Tantos caminhos!
Como sou uma só, não consegui fazer tudo o que queria, mas, curiosamente, ensaio com a escrita e passei a ensinar o pouco que sei.
Minha curiosidade não cabe no limite da minha existência. Nem pelo tempo nem pelo conhecimento. Também não sou sortuda para viver sem pressão. Nem externa, menos ainda internamente.
Mas sonho com um mundo onde pessoas possam dedicar seu tempo apenas ao que amam, sem pressão. É a minha ideia de paraíso.
E você? O que faria se não houvesse pressão?
