Em 1979, 38 vilas e distritos de Mato Grosso receberam o status de município; 23 fazem aniversário em 13 de maio. Havia dois anos da divisão política com Mato Grosso do Sul e busca por prestígio.
A afirmação como Estado passava por números que indicassem crescimento. Os órgãos governamentais exigiam, por exemplo, que a emancipação administrativa fosse concedida a localidades com um mínimo de cinco mil habitantes.
Com manobra na estatística, o status de municípios concedido naquele ano fez o total de cidades em Mato Grosso dobrar. Setembro é outro mês que concentra um número incomum de cidades aniversariantes.
Na lista estão cidades como Tangará da Serra, Nova Olímpia, Indiavaí, Comodoro, Porto Esperidião e Reserva do Cabaçal.
Porém, o então presidente militar da época, Ernesto Geisel, tinha uma estratégia internacional de defesa do território com o prestígio de Mato Grosso. Ele queria impedir o avanço da França sobre a Floresta Amazônica.
“Naquela época a França e outros países tinham entrado e começaram a ver a Floresta Amazônica como um local de potencial. Um dos países que teve exploração comercial pela França foi Suécia, em Estocolmo, que virou grande exportadora de madeira”, diz o analista político Onofre Ribeiro.
Segundo ele, o lema desenvolvido pelo governo militar era “integrar” as regiões norte e sul do país para “não entregar” aos estrangeiros. A década de 1970 marcaria dois eventos paralelos: o início do boom populacional de Mato Grosso e o do “fetiche europeu” pela Amazônia.
O discurso ainda não era climático, a economia agropecuária era germinal. O assunto sobre a sustentabilidade começou a repercutir no Eco 92, realizada no Rio de Janeiro.
O debate durou anos depois e entrou numa certa calmaria até ser remexido em 2019 pelo presidente francês Emmanuel Macron. O objeto de disputa continuou o mesmo, mas com o foco em efeitos internacionais para o clima.