Cidades

O que o aniversário de 23 cidades de MT tem a ver com a disputa pela floresta amazônica?

Emancipação administrativa de municípios serviu para dar prestígio ao novo Mato Grosso e para marcar território contra a França

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O que o aniversário de 23 cidades de MT tem a ver com a disputa pela floresta amazônica?
(Foto: Reprodução/Prefeitura de Tangará da Serra)

Em 1979, 38 vilas e distritos de Mato Grosso receberam o status de município; 23 fazem aniversário em 13 de maio. Havia dois anos da divisão política com Mato Grosso do Sul e busca por prestígio. 

A afirmação como Estado passava por números que indicassem crescimento. Os órgãos governamentais exigiam, por exemplo, que a emancipação administrativa fosse concedida a localidades com um mínimo de cinco mil habitantes. 

Com manobra na estatística, o status de municípios concedido naquele ano fez o total de cidades em Mato Grosso dobrar. Setembro é outro mês que concentra um número incomum de cidades aniversariantes. 

Na lista estão cidades como Tangará da Serra, Nova Olímpia, Indiavaí, Comodoro, Porto Esperidião e Reserva do Cabaçal. 

Porém, o então presidente militar da época, Ernesto Geisel, tinha uma estratégia internacional de defesa do território com o prestígio de Mato Grosso. Ele queria impedir o avanço da França sobre a Floresta Amazônica. 

“Naquela época a França e outros países tinham entrado e começaram a ver a Floresta Amazônica como um local de potencial. Um dos países que teve exploração comercial pela França foi Suécia, em Estocolmo, que virou grande exportadora de madeira”, diz o analista político Onofre Ribeiro. 

Segundo ele, o lema desenvolvido pelo governo militar era “integrar” as regiões norte e sul do país para “não entregar” aos estrangeiros. A década de 1970 marcaria dois eventos paralelos: o início do boom populacional de Mato Grosso e o do “fetiche europeu” pela Amazônia. 

O discurso ainda não era climático, a economia agropecuária era germinal. O assunto sobre a sustentabilidade começou a repercutir no Eco 92, realizada no Rio de Janeiro. 

O debate durou anos depois e entrou numa certa calmaria até ser remexido em 2019 pelo presidente francês Emmanuel Macron. O objeto de disputa continuou o mesmo, mas com o foco em efeitos internacionais para o clima.

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