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O Ministério Público piscou

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O Ministério Público piscou
Promotor Mauro Zaque (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Na era do rádio, quando grandes narradores criavam seus bordões que encantavam seus ouvintes, gente como Waldir Amaral, Fiori Giglioti, Jorge Kuri, Osmar Santos e tantos outros nos faziam “ver o jogo” sem estar no estádio, afinal, apenas o rádio nos conectava ao mundo e quando se tratava do mundo da bola, esses eram verdadeiros deuses e representavam até mais do que representa Galvão Bueno – já quase se aposentando – com seu inconfundível: “Bem amigos da Rede Globo”.

Fiori Giglioti marcou muito minha infância e juventude com sua voz marcante: “torcida brasileira, carinhosamente boa tarde. Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo…”

E foi lembrando dele que acompanhei pelas publicações da imprensa o reinterrogatório dos coronéis Zaqueu, Lesco e do cabo Gerson. A rigor as informações prestadas já eram de domínio público. Já se sabia, desde o início, que Pedro e Paulo eram os responsáveis pela montagem do maior esquema de escuta ilegal da história de Mato Grosso. Faltava apenas isso ser mostrado de forma cabal, pública e não apenas através de vazamentos de poucos que tinham acesso às peças do interrogatório.

Pela vez primeira foi colocado, contundentemente, o dedo na ferida da Grampolândia que tanto nos envergonha. Abriram-se as cortinas do espetáculo da vergonha. Apontou-se os que foram os responsáveis e, a grande surpresa que era fruto de desconfiança, mas blindada, escondida a a sete chaves, era participação vergonhosa de alguns membros do ministério público que agora, provando do veneno que tantas vezes infligem aos alvos de suas suspeitas, veem-se na condição quase de réus, mas já condenados pela opinião pública.

Imagino, cá com meus botões, a sensação de alívio e do dever cumprido do promotor Mauro Zaque, achacado, humilhado e vilipendiado pelo ex-governador Pedro Taques, que não admitiu as provas por ele apresentadas e ainda posava de vestal e guardião da moralidade.

Acreditamos que após as audiências com os militares haverá mais celeridade no processo e os culpados serão desmascarados, não sem antes o amplo direito de defesa que lhes será facultado.

Ainda falando em MP, causa estranheza a sanção, pelo governador Mauro Mendes, no último dia 09 de julho da alteração da lei 9.782, de 19 de julho de 2012, aprovada pela Assembléia Legislativa, concedendo aos servidores de carreira do Ministério Público três meses de licença-prêmio, por assiduidade, podendo ser feita a sua conversão em dinheiro quando houver disponibilidade financeira para tanto.

Ora, se o STF já definiu que licença-prêmio não poderá ser convertida em pecúnia ($$), devendo ser contada apenas para tempo de aposentadoria, como o austero governador, que impede benefício a outros servidores dá aos servidores do MP tal benefício? Vale ressaltar que MP não é Poder. Não tem orçamento próprio. É instituição com autonomia administrativa e financeira, tal como a Defensoria Pública, e o salário de seus membros é pago em cima da receita corrente líquida do Estado. Fácil, não?

Outro registro importante da semana foi a entrega pelo prefeito Emanuel Pinheiro de 40 leitos de UTI, que já deveria ter sido entregues em maio. Tudo bem, pela cronologia dele, ainda teremos várias outras inaugurações até a conclusão definitiva de entrega para uso da sociedade. O que é pior do que adiar e descumprir o cronograma de entrega é essa briguinha de alunos de escola primária que ele e Mauro Mendes exercitam diariamente. Um tentando boicotar o outro alfinetando-se pela imprensa. Esquecem-se de que a vaidade que os acomete traz prejuízos não a eles, mas sim a Cuiabá e a Mato Grosso. Lamentável!

Já passamos da metade do mês que deu início à segunda metade do ano. Já-já haverá a intensificação das articulações políticas para as eleições do ano que vem. Não há muito a comemorar. Uma pena.

Abriram-se as cortinas e espera-se que, ao final do espetáculo, seja de comemoração.

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*Ricarte de Freitas é advogado, analista político e ex-parlamentar estadual e federal

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