O diretor José Padilha (Tropa de Elite 1 e 2, Robocop) contou que foi inspirado pela lei de delação premiada da ex-senadora por Mato Grosso, Serys Slhessarenko, para criar um de seus mais recentes trabalhos, o seriado O Mecanismo.

A série, disponível para streaming na Netflix, narra o caso de um delegado da Polícia Federal obcecado por uma investigação de combate à corrupção, inspirada no caso da Operação Lava Jato.

“Eu escrevi um artigo no O Globo chamado ‘Fala, Serys’. Parafraseando o Mussum. Serys é a Serys Slhessarenko… É uma história maluca. Ela era do PT, foi senadora e acusada do escândalo dos Sanguessugas, que era um escândalo multipartidário de corrupção. Um escândalo real, que desviava dinheiro da Saúde pública, de ambulâncias. Ninguém foi condenado… 70 pessoas foram mandadas para o Supremo Tribunal Federal, que deixou prescrever, como era a norma. Aí a Serys, não sei se para refazer sua biografia, resolveu modificar a existente lei de delação premiada, que só se aplicava a tráfico. Ela incluiu e ampliou a lei, acrescentou crimes de colarinho branco e etc”, disse ao programa Conversa com Bial.

No escândalo das Sanguessugas, também conhecido como Máfia das Ambulâncias, políticos e empresários ligados à empresa Planam teriam movimentado R$ 110 milhões entre 2001 e 2004.

“Ela copiou, traduziu para o português e introduziu um vírus da legislação Americana na Constituição Brasileira. Só que não foi votado, ficou anos parado, morto em uma Comissão. Aí lá pelas tantas, não sei se foi o Zé Dirceu, o Lula ou alguém, resolveu fazer um mutirão para aprovar leis para destampar a pauta do Congresso. Aí pegaram todas as leis de parlamentares do PT e votaram no mutirão e a Dilma assinou”, contou o diretor.

“Essa lei permitiu que o cara fizesse um acordo de delação com o mesmo doleiro que foi preso lá no Banestado, o Youssef, e aí passou do doleiro para o funcionário da estatal. Do funcionário da estatal para o seu indicador político, e aí revelou o mecanismo”, afirmou Padilha.

O diretor descartou que a operação tenha viés ideológico, de perseguição ao Partido dos Trabalhadores. “Acontece que quem estava no governo era o PT/PMDB. Então, era óbvio que quem sancionou a lei… Se o Fernando Henrique tivesse sancionado a lei da Serys, a investigação tinha começado pelo PSDB. Mas quem sancionou foi a Dilma. Tanto não tem perseguição política na Lava Jato, que agora está o Temer”, finalizou o diretor.

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