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O impacto negativo da Copa do Mundo na economia

Embora muitos acreditem que a Copa do Mundo é sinônimo de bons negócios, muitos acreditam no contrário

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O impacto negativo da Copa do Mundo na economia

Você já deve ter ouvido por aí que a Copa do Mundo movimenta a economia local, porém, em um aspecto mais amplo, há quem discorde. Muitos economistas têm questionado essa prática. No entanto, nenhum deles foi capaz de encontrar qualquer benefício conclusivo de sediar uma Copa do Mundo. Para a maioria deles, bem como para as pessoas comuns, isso parece ser um desperdício de dinheiro e recursos. No entanto, a tendência de manter a Copa do Mundo continua.

É verdade que jogos ainda são uma importante forma de entretenimento em muitos países do mundo, o futebol no Brasil é um exemplo. As partidas da seleção brasileira durante uma copa são praticamente feriados, pois literalmente empresas chegam a liberar seus funcionários. Mesmo que essa prática tende a diminuir na Copa do Qatar, pois será possível assistir a Copa do Mundo ao vivo e online pela internet e, segundo pesquisa realizada pela Digital Turbine, 46% dos brasileiros irão usar um celular para assistir a Copa do Mundo.

Além disso, nos países que sediam a Copa, a publicidade em torno do evento cresce vertiginosamente. No entanto, isso não justifica a extensão dos custos econômicos que devem ser incorridos para sediar a Copa do Mundo. Vários países caíram em armadilhas de dívidas depois de realizar a Copa do Mundo. A África do Sul, que realizou a Copa do Mundo de Futebol em 2010, é um grande exemplo.

É estranho que os benefícios econômicos da Copa do Mundo da FIFA ainda sejam frequentemente citados pela grande mídia. A realidade é que o lado positivo, se houver, é muito exagerado pela grande mídia.

Despesas alternativas não consideradas

O problema com a contabilização da Copa do Mundo FIFA é que todas as despesas incorridas são simplesmente incluídas no benefício causado pela Copa do Mundo. Qualquer análise econômica deve sempre explicar os custos de oportunidade. No entanto, a análise da FIFA nunca leva em conta os custos de oportunidade.

A realidade é que se a Copa do Mundo da FIFA não estivesse sendo sediada, aproximadamente a mesma quantidade de dinheiro seria gasta. As pessoas gastariam aproximadamente a mesma quantidade de dinheiro em assistir filmes, ir jantar etc. A Copa do Mundo da FIFA simplesmente desvia os gastos para o futebol.

Enormes despesas a serem realizadas

A FIFA estabelece condições difíceis para os países que querem sediar a Copa do Mundo. Espera-se que esses países tenham estádios de alta qualidade. No Brasil, por exemplo, sabemos que isso resultou em enormes quantidades de verbas públicas para a construção de estádios que sempre atrasavam e mais injeção de dinheiro eram feitas; sem contar, é claro, o fator corrupção.

Além disso, há a necessidade de mais hotéis e até mesmo moradias temporárias para acomodar os jogadores, bem como turistas de outros países. Essas despesas têm que ser suportadas pelo governo.

Muitas vezes, grande parte dessa infraestrutura não é usada mais tarde. Houve países como a Grécia, onde há chamadas para quebrar os estádios que foram construídos para os Jogos Olímpicos. Os padrões estabelecidos pela FIFA são muito altos. Isso se torna um problema, uma vez que os altos padrões se traduzem em altas despesas para o país anfitrião.

Benefícios tomados pela FIFA

A maior parte dos lucros nos torneios da Copa do Mundo é derivada da venda de ingressos, bem como da venda de direitos de televisão para o evento – no Brasil, por exemplo, vai para a Rede Globo, que detêm os direitos de transmissão tanto pela TV aberta como pela internet através do serviço de streaming Globoplay.

O problema é que o país anfitrião não recebe parte desses lucros. Esses lucros pertencem apenas à FIFA! Assim, o dinheiro está sendo repassado para a FIFA, enquanto as despesas estão sendo repassadas aos contribuintes do país.

Houve casos no Brasil em que funcionários da FIFA pediram ao governo do Brasil para impedir que os pequenos vendedores locais vendessem mercadorias para as pessoas que iam aos estádios. Eram pessoas pobres tentando ganhar uma pequena renda aproveitando o evento. No entanto, a FIFA não permite que isso aconteça, pois eles querem apenas que os bens de seus patrocinadores sejam vendidos dentro e ao redor do estádio.

Dívidas vs. Turismo

O turismo é frequentemente citado como um grande benefício de sediar a Copa do Mundo da FIFA. O argumento é que a Copa do Mundo é a razão pela qual pessoas de diferentes partes do mundo se reúnem para o país anfitrião. Como resultado, os hotéis e restaurantes locais ganham dinheiro, e a economia é impulsionada em geral.

Há muitas falhas neste argumento. Em primeiro lugar, é preciso notar que o aumento do turismo é apenas um evento temporário. Assim que a Copa do Mundo acabar, o turismo volta aos níveis anteriores. Portanto, isso realmente não impulsiona muito a economia!

Calculou-se que um turista médio teria que gastar US$ 13.000 no Brasil se o governo tivesse que recuperar os custos da construção de mais infraestrutura. Obviamente, isso não ia acontecer. Assim, o contribuinte perde dinheiro no processo. O governo perderia muito menos dinheiro se simplesmente desse dinheiro para hotéis e restaurantes. A atividade turística não é consolo para as enormes quantidades de dívida que são empilhadas como resultado da Copa do Mundo da FIFA.

Incentivos fiscais

Por fim, todo o dinheiro que a FIFA ganha durante a Copa do Mundo é isenta de impostos. Se os clientes tivessem gastado o mesmo dinheiro em restaurantes e cinemas, o governo teria ganho muito dinheiro em impostos. No entanto, o poder monopólio da FIFA coloca-o em posição de negociar tais acordos desordenado com outros governos.

O problema com as Copas do Mundo da FIFA é que o dinheiro é tirado das pessoas mais pobres. O dinheiro gasto na construção de estádios atrasa a infraestrutura que teria ajudado os pobres. É por isso que houve protestos tanto na África do Sul quanto no Brasil. Como os protestos não são permitidos na Rússia, talvez nunca saibamos o que o público russo pensa sobre seu governo ter gastado 80 bilhões de dólares no evento em 2018. No Qatar, onde protestos também não são bem-vistos, acontecerá o mesmo.

(Da Assessoria)

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