A busca desenfreada pelo atendimento aos desejos individuais e prazeres sensuais; a cegueira da paixão aos vícios; a ausência de autocontenção; a adoração à destruição e a tudo que é “transgressor”, são esses os preceitos que ditam as vidas de milhões de pessoas, por todo o mundo.

Quanto maior a ‘transgressão’, quanto maior a indignação dirigida aos tabus e valores morais da Civilização, maior o status autoconcedido pelos “intelectuais” progressistas e suas hordas.

Tudo que garante ao ser humano suas liberdades, ou seja, os deveres e obrigações que temos uns para com os outros e a sociedade, são alvos da fúria fanática de uma claque que se autointitulou intelectualidade, ou “especialistas”, como geralmente são chamados pela grande imprensa – exceto quando exercem o livre pensamento e não se dobram às fórmulas esotéricas dos progressistas. Basta nutrir grande ressentimento pela Civilização que garante sua existência livre e segura, e o demonstrar através das ações mais degradantes e aversivas, como cagar na foto de um político, ou atear fogo ao patrimônio histórico, ou enfiar uma Cruz no ânus, que será tratado pela grande imprensa como alguém que merece ser levado a sério, inclusive intelectualmente, ao invés de uma pessoa mentalmente doente e que necessita de ajuda espiritual e psicológica.

O valor dos tabus sociais é totalmente ignorado por esses atores da opinião pública. Como se o facto de nem tudo que um dia foi tabu ter que ser mantido, signifique que tabu algum é necessário. Como se uma mulher não poder ser vacinada na nádega sem que isso cause escândalo, seja um tabu de mesmo “valor” que aquele que nos mantém com asco completo à pedofilia e aos pedófilos e pedófilas, ou achar comparável um tabu imbecil como a proibição das professoras de se casarem na República Velha com aquele que nos mantém cientes de que o ato sexual deve ser precedido por reflexão e princípios morais que impeçam sua banalização. Enfim, um inversão proposital de todos os valores básicos da vida em sociedade, da civilidade.

O amor a si mesmo e suas paixões, canais, sentimentalistas e ideológicas, ocupa o lugar do amor ao próximo e da autocontenção necessária ao exercício da liberdade. Uma sociedade onde os membros não exerçam a autocontenção está fadada à escravidão, pois alguém exercerá arbitrariamente seu poder para obrigar a autocontenção pela força. Se as pessoas não estão imbuídas de valores e princípios virtuosos que ditem sua vontade, estão servilmente sob o jugo de seus vícios, e como é impossível manter uma sociedade na qual todos fazem o que ditam seus desejos viciosos, suas paixões desenfreadas, sem que terminem agredindo uns aos outros e faltando com seus deveres e obrigações, será necessário aplicar a Lei e a Força em escalas cada vez maiores, para evitar a barbárie e uma guerra de todos contra todos.

Na República Romana, quando havia uma grave crise interna que ameaçava a destruição de sua sociedade, era eleito um Ditador, que recebia todos os poderes necessários para colocar fim à desordem, por curto período, ao final do qual teria que devolver tais poderes ao Senado. Nesse ínterim, era simplesmente impossível a inexistência de excessos e a manutenção dos direitos básicos.

Na Era Moderna, as massas elegem falsos Salvadores da Pátria, ou permite que estes tomem o poder pela via Revolucionária, devido às crises geradas pela inversão de valores que leva um povo inteiro a preferir se arriscar a uma ditadura do que suportar as provações e lutar legitimamente por melhores condições,  contudo, esses falsos profetas são sempre os piores déspotas e aprofundam às crises, enquanto escravizam os povos.

Um bom exemplo disso é o Zimbábue, antes Rodésia, colônia da Grã-Bretanha, cuja inversão de valores e o incentivo ao sentimento tribalista, através de campanhas de propaganda bem elaboradas pelo movimento comunista local, com amplo apoio da União Soviética e da China, incutiu em parte suficiente da população negra um profundo ódio aos brancos, principalmente aos colonos, então fazendeiros e trabalhadores, que neste caso recebiam o mesmo salário que os negros, nas mesmas funções.

O código tribal que estabelecia obrigações sociais excessivas dos mais bem sucedidos com os demais, que se achavam, indiscriminadamente, no direito de viverem às expensas desses, foi bem explorado pela propaganda revolucionária, e essas pessoas, que viam seus colegas brancos desfrutando de um padrão superior de vida, devido à ausência desse excesso de obrigações, se tornaram ressentidas contra eles e contra toda e qualquer obrigação – de novo, a ideia errada de que todo tabu é ruim -, sendo facilmente cooptadas por uma mentalidade inferior e anti-civilização, de que tudo que impede a realização de seus desejos é ruim, inclusive, senão principalmente, seu próximo. Aqueles que não caíram nesse canto da sereia, permanecem firmes em suas obrigações familiares e sociais, mas agora possuem obrigações ainda mais excessivas e abusivas para com a Ditadura Comunista em seu país, ao menos que possua uma familiar dentro da máquina estatal. Os brancos foram perseguidos, desapropriados e mortos, e seus funcionários – principalmente negros – expulsos de suas terras e condenados à miséria.

Outro exemplo é o caso Russo, onde milhões ficaram inócuos frente a queda do Czar, muito também devido a repressão em várias épocas, mas principalmente devido à mentalidade já arraigada na população russa, de que seria necessária a quebra de todo sistema existente e sua substituição por outro, por conta da propaganda bolchevique, que soube explorar a baixa liberdade de expressão russa e os tempos de opressão onde sequer era permitido olhar para o local onde um dos Czares foi assassinado, para manter passiva a massa dessa população, enquanto realizavam a Revolução de Outubro de 1917 e, depois, estabeleciam esse poder pela Guerra Civil, que durou até 1921.

Os russos preferiram aderir, ou se manter, em geral, impassíveis, ao horror comunista, com suas falsas promessas e intenções, a lutar legitimamente por melhores condições na Rússia, afinal, suportar as provações e lutar pelo que é certo dá muito trabalho e demora. Quem em sã consciência e com valores sólidos, com amor ao próximo, à vida, à família, à liberdade, etc., preferiria arriscar toda sua pátria, e mesmo seus irmãos pelo mundo, para não ter que se esforçar por um país melhor?

Hoje, nas “pequenas” tragédias vemos o reflexo dessa mesma inversão de valores, tão ameaçadora da Civilização e da Alta Cultura que a mantém. Por exemplo, duas lésbicas assassinarem um menino de 9 anos, tendo um ano antes mutilado seu pênis, escolhendo propositalmente a forma mais dolorosa possível e o esquartejando, em nome de sua ideologia (ideologia de gênero e feminismo). A vida dessa criança não possuía ínfimo valor para a própria mãe e sua parceira, mas o feminismo e a ideologia de gênero, sim.

Outro caso que expõe bem essa situação, está descrito pelo psiquiatra e escritor britânico Theodore Dalrymple, em seu livro ‘Nossa Cultura; ou o que restou dela’, publicado no Brasil pela É-Realizações. Um dos vários pacientes atendidos por Dalrymple – que é um heterônimo, seu nome verdadeiro é Anthony Daniels, e possui décadas de prática, em hospitais públicos e penitenciárias, em vários países, inclusive da África e América Central -, um jovem inglês de 20 anos, foi espancado quase até a morte pelo namorado de sua mãe, ao tentar impedir que ela fosse espancada. Quando consciente, ouviu de sua mãe que não prestasse queixa, pois ela perderia o namorado, e completa com “ele trepa melhor do que seu pai jamais trepou”. Uma mãe que dá valor à qualidade da trepada de seu namorado, acima da vida de seu filho! Que enxerga o filho como um empecilho no atendimento ao seu desejo por sexo e mais sexo.

A baixa cultura, ou incultura, revolucionária, defendida e forçada no imaginário popular pelos progressistas, ou seja, pela esquerda, jamais promoverá a libertação prometida, mas a escravidão generalizada, tampouco a utópica felicidade constante, mas a insatisfação permanente e a tristeza profunda, nunca a proteção aos mais vulneráveis, mas sua agressão e o ódio, por aqueles que deveriam os proteger e amar.

Estamos no começo desse processo, e casos como o do menino Rhuan são efeitos visíveis, mas nem de longe únicos, enquanto rumam para se tornarem regra, sob a aceitação de uma massa educada pelo sentimentalismo tóxico do progressismo, através de agentes culturais, “especialistas” e a grande imprensa controlada pela esquerda.

Quem ama, oferece disciplina e ensina a autocontenção, os valores basilares da Civilização e impõe limites aos desejos pueris, e pela própria vontade.

*Publicado originalmente na Gazeta Conservadora

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