Sim, é por ela representar a minoria. Mulher, negra, moradora de uma favela. É fato: sua descrição colabora para a minha indignação. Mas o que mais me toca é justamente o que a diferenciava da maioria: Marielle era uma socióloga, engajada no ativismo político. Chegou tão longe que foi eleita a 5• vereadora mais votada do Rio de Janeiro.

Não só venceu todas as barreiras contra seu gênero, sua cor e sua condição social, mas também não se inebriou pelo poder e status que, geralmente, contamina os seres humanos.

A moça da favela usou sua ascensão para sempre se lembrar de onde viera, com olhos focados nos mais fracos e desfavorecidos.

Marielle Franco foi vítima de uma execução cruel para ter sua voz silenciada. Voz que falava sobre os direitos humanos, as injustiças e tudo o que está errado no Brasil. Ela falava com conhecimento de causa. Estava dentro do olho do furacão diário que devasta o Rio de Janeiro.

A vida de Marielle não valia mais do que a de outras milhares de pessoas assassinadas no Brasil, ano após ano. Isso é fato. Só que sua voz, no ouvido certo, poderia ter evitado centenas delas. Sua voz fazia as pessoas pensarem. Refletirem.

A banalização de seu assassinato é sinal de que chegamos ao fim da linha. É sinal de que não ligamos para quem tinha tudo para dar errado e não deu. De quem tinha tudo para virar as costas para suas origens, mas optou por lutar pelos que não tiveram sua sorte.

Não é preciso concordar com suas ideias para entender que sua vida era um exemplo de triunfo contra as adversidades. Para mim, o Brasil morreu um pouco com Marielle.

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