O vice-prefeito de Cuiabá, Niuan Ribeiro (PTB), afirmou que não desistiu do plano de disputar uma vaga na Assembleia Legislativa nas eleições deste ano. O vice-prefeito é pré-candidato a deputado estadual pelo PTB e tem se articulado com a base do partido, em Cuiabá e no interior.
Em sua possível campanha, Niuan afirmou que se colocaria na oposição ao governador Pedro Taques (PSDB). O petebista avaliou que a gestão cometeu erros politicamente e, até por isso, tem se enfraquecido em relação aos apoios para as eleições de outubro.
“Tanto é que hoje existe uma debandada. Você vê o DEM que já saiu do governo, o PSD acredito que deve sair em breve, o PTB que está no bloco da oposição hoje, e mesmo dentro do PSDB ele vem encontrando dificuldades”, afirmou Niuan.
“Eu acho que ele veio para o Executivo com espírito de procurador do Ministério Público. E no Executivo a função dele não é investigar, nem julgar ninguém. É executar, administrar. São funções diferentes. Mas torço para que ele consiga se recuperar, porque no final das contas é a população que quer um bom governo”, avaliou.
Para Niuan, o candidato natural da oposição seria o senador Wellington Fagundes. O vice-prefeito de Cuiabá ainda ponderou que a relação institucional com o governo é normal.
Prefeitura
O vice-prefeito disse também que estaria pronto para assumir a cadeira titular do Palácio Alencastro, caso o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) seja afastado pela Justiça. Emanuel é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto recebimento de propina enquanto era deputado estadual, na gestão do ex-governador Silval Barbosa.
Questionado se estaria preparado para assumir o cargo de prefeito, Niuan foi taxativo. “Com certeza. Não é o que eu espero, vou ser bem sincero com você. Para Cuiabá é sempre ruim uma ruptura, mas sempre trabalhei para estar pronto”, disse, ao LIVRE.
“Quando coloquei o meu nome à disposição foi porquê eu me senti preparado para encarar essa tarefa. Eu venho a cada dia me preparando mais, venho conhecendo mais a gestão e, até por isso, eu preferi ficar como vice-prefeito, pois teria mais facilidade de transitar e conhecer todos os problemas”, afirmou Niuan.
No ano passado, foi cogitada a possibilidade de que o petebista assumisse uma secretaria, concomitantemente ao cargo de vice-prefeito. Emanuel chegou a oferecer a pasta de Turismo, que seria desmembrada da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo. Niuan disse ter preferido que a separação não fosse feita, “por uma questão de custos”.
“Eu tenho ido em todas as secretarias, conversado com todos os secretários e visto a forma de gerir e administrar. Eu falo com tranquilidade: não é o que eu quero que aconteça, mas estou pronto para o que der e vier”, projetou o vice-prefeito.
Emanuel Pinheiro é investigado na 12ª fase da Operação Ararath, apelidada de Malebolge, que se baseou na delação premiada feita por Silval Barbosa junto à Procuradoria-Geral da República (PGR). Entre as provas entregues, está um vídeo em que o atual prefeito de Cuiabá, à época deputado, aparece recebendo maços de dinheiro no gabinete de Silval – sua defesa afirma que o valor era referente ao pagamento por uma pesquisa eleitoral realizada por seu irmão, Marco Polo Pinheiro.
Recentemente, o Procurador-Geral de Justiça de Mato Grosso, Mauro Curvo, disse acreditar que o compartilhamento das provas entregues por Silval com o Ministério Público Estadual (MPE) ainda não foi feito em razão de futuras ações dos órgãos federais.
Niuan, porém, diz que tem os pés no chão. “Eu não posso parar a minha vida, os meus projetos políticos, por uma questão que não depende de mim, não está ao meu alcance. Eu tenho que tocar a minha vida normal, assim como Cuiabá tem que tocar a sua vida, e a gestão tem que tocar a sua vida. Essa é uma questão pessoal atinente ao prefeito Emanuel Pinheiro”, disse.
