A candidata ao Senado pelo PSL Selma Arruda, em uma suposta conversa com o presidente do seu partido em Mato Grosso, deputado federal Victório Galli, diz que ninguém estava investindo na campanha de reeleição do governador Pedro Taques (PSDB).
Em um áudio a que o LIVRE teve acesso, supostamente entre Selma e Galli, a candidata afirma ao deputado que a campanha de Taques custaria R$ 15 milhões. “Você sabe quanto ele conseguiu de doação até o dia que eu saí de lá? R$ 600 mil. Ninguém quer botar um centavo naquele homem, ninguém quer botar um centavo lá, ninguém quer botar um centavo naquela campanha”.
De acordo com a postulante, dos R$ 15 milhões, R$ 7,5 milhões seriam custeados pelo governador e o restante dividido entre os candidatos da majoritária da coligação, que até então era composta por ela e pelo deputado federal e também candidato ao Senado Nilson Leitão (PSDB).
“Nas reuniões da majoritária eu estava tentando trazer dinheiro para todos os partidos e principalmente para o nosso presidente [Jair Bolsonaro]. Só que nas reuniões das majoritárias a ideia deles era fazer o seguinte, a majoritária assumir dívida”, explica a juíza aposentada ao presidente do PSL em Mato Grosso.
A candidata ainda revela que, ao questionar sobre como conseguiria o dinheiro, teria tido a seguinte resposta. “Vocês vão assinando nota, fazendo dívida, depois a gente arruma dinheiro e vocês cobrem a dívida”.
Selma ainda diz para Galli, que concorre à reeleição como deputado federal, que dessa forma não conseguiria arrumar dinheiro para a campanha de proporcional, deputado estadual e federal. “É assim que você queria que eu arrumasse dinheiro? É isso que eles estão prometendo para vocês e não vão cumprir nunca. Então você não sabe da metade da missa, da metade da briga”, afirma a postulante.
O presidente Estadual do PSL questiona a candidata. “Mas Selma, você sabendo disso, por que você tirou nós tudo para ir com o Pedro [Taques]?”, sic. A candidata dá uma risada e responde: “eu sabendo disso o quê? Só fiquei sabendo disso depois”.
Galli destaca que o PSL ao se coligar com o PSDB se sacrificou. “[Nelson] Barbudo e eu aqui, que dependemos do quociente, estamos com um risco danado”. A juíza aposentada revida. “Aí é um acordo da federal, que quem fez foi você, meu filho. Não bota a culpa em mim”.
O presidente do partido discorda da afirmação de Selma. “Não, mas porque nós tava (sic) com o Pedro. Se nós tivesse (sic) lá com o Mauro [Mendes] nós tava tranquilo. O Mauro era com você, isso que eu quero que você saiba”.
Em uma gravação em vídeo para o site Olhar Direto, o deputado federal Victório Galli diz que Selma Arruda levou mais divergências ao partido, do que “liga”. O parlamentar chama a candidata, inclusive, de individualista.
“No primeiro dia que nós declaramos nossa coligação com o Pedro Taques, ela foi em uma mídia e disse que votando nela, não interessava votar em outras pessoas. Nem no Pedro, nem no Leitão”.
Galli ainda destaca o fato de que Selma pediu voto para o Procurador Mauro, que concorre ao Senado pelo Psol. “Isso causa divergência para a gente. A gente tem que pedir voto para quem está na coligação”.
Pedido de voto para o Psol
Durante sabatina realizada em 23 de agosto deste ano pelo LIVRE, Selma admitiu ter uma linha parecida com o Procurador Mauro (Psol), que busca uma vaga como senador. Ela ainda acrescentou que por serem dois votos, o eleitor pode escolher ambos.
“Ele, de certa forma, tem uma linha parecida comigo, ele não coliga e eu também gostaria de não ter necessidade de coligar; ele prega uma política diferente. Então, como são dois votos para senador, eu acho que nós podemos somar. O eleitor pode dar o primeiro voto para o Procurador Mauro e o segundo para a Selma e não tem problema nenhum”, disse a magistrada aposentada.
Rompimento com PSDB
Oito dias após ter pedido voto para o candidato do Psol, Selma anunciou o rompimento com a aliança pela qual disputa a eleição, encabeçada pelo governador Pedro Taques.