Em entrevista nesta segunda-feira, o presidente Michel Temer afirmou que só vai afastar temporariamente os ministros citados em delações da Odebrecht e investigados em inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) quando houver denúncia formal do Ministério Público. Já o afastamento definitivo só acontecerá no caso de os citados se tornarem réus.
“Não vou demitir simplesmente porque alguém falou, é preciso provas robustas. Se vier a denúncia, não significa culpabilidade completa, mas terá fortíssimas indicações de que essa delação é correta”, disse à Rádio Jovem Pan.
Para o presidente, alguns ministros podem se sentir desconfortáveis e deixar voluntariamente os cargos. Estão na lista de investigados:
– Eliseu Padilha (PMDB), da Casa Civil
– Moreira Franco (PMDB), da Secretaria-Geral da Presidência da República
– Gilberto Kassab (PSD), da Ciência e Tecnologia
– Helder Barbalho (PMDB), da Integração Nacional
– Aloysio Nunes (PSDB), das Relações Exteriores
– Blairo Maggi (PP), da Agricultura
– Bruno Araújo (PSDB), das Cidades
– Marcos Pereira (PRB), da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
‘Acordão’
Temer disse que as delações são estarrecedoras e preocupantes, principalmente porque transmitem uma imagem ruim do Brasil para o exterior. “Sob esse ponto de vista é péssimo.” Mas ele disse que o País precisa seguir em frente. “O Brasil não pode parar. Temos reformas pela frente. Então (as delações) são estarrecedoras, mas não podem ser fator de paralisia. Agora precisamos deixar o Judiciário trabalhar”, reforçou o presidente.
Sobre um possível “acordão” para paralisar com a Operação Lava Jato entre ele e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, Temer voltou a negar qualquer pacto desse tipo. “Não tem conversa na direção de um possível acordão. FHC já negou. Fazer acordão para um problema que está no Judiciário é inviável. Não participo e nem promovo”, disse.
O presidente ainda rebateu a ideia de uma nova constituinte devido ao escândalo de corrupção, já que, segundo ele, as instituições estão funcionando normalmente. Temer, no entanto, defendeu uma reforma política. “O que vale é uma reforma política, que sairá invariavelmente e é fundamental para o País”, disse.
(Com Agência Estado)