A pandemia forçou muitas empresas a aderirem às plataformas digitais para conseguir sobreviver – e algumas delas passaram a lucrar com isso. Este modelo de consumo já vinha em alta antes da atual crise, e agora abriu um leque de possibilidades.
Se antes o foco estava no cliente local, agora muitas empresas já vislumbram expandir seus negócios e conquistar clientes fora da cidade, do Estado, e até mesmo do país. Mas será que é simples assim?
O economista Eber Capistrano, que é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e consultor da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CLD) avalia que não, e que o mercado de exportação – seja para outros Estados ou países – não admite amadorismo.
Onde começar?
Capistrano explica que três princípios básicos se aplicam a qualquer empresa que busca clientes fora do local e que compõem o consagrado “plano de negócios” – indispensável para qualquer empreendimento:
- Potencial de mercado: estudar o segmento no qual se quer investir, as características dos consumidores, a concorrência;
- Tamanho do investimento: quanto será aplicado para que o estabelecimento funcione;
- Receitas, custos e despesas: que inclui a chamada engenharia tributária e, com isso, contabiliza todos os prós e contras que a empresa vai ter ao se lançar em determinado mercado.
“Mas o ponto mais sensível de tudo isso é o mercado consumidor, porque se o objetivo é exportação – principalmente para outros países – existe toda a política de barreiras de entrada, com taxações, que vão demandar estudos específicos de viabilidade para cada setor”.
Mundo digital
Nos últimos anos o e-commerce vem se especializando e cada vez mais superando as barreiras da distância.
Essa perspectiva cria o vislumbre em muitas mentes empreendedoras de que basta estar no mundo digital que tudo acontece.
Não é bem assim. Capistrano explica que o mundo digital é um canal de vendas e não o fim em si mesmo. Por essa razão, empreender com foco nos consumidores de fora merece atenção redobrada, porque além da viabilidade de mercado, o investidor precisa levar em consideração a disponibilidade de bens a serem ofertados e a logística que isso implicará.
“Compensa eu vender em outros Estados ou em outros países? É uma pergunta que precisa ser respondida pelo empreendedor”.
E nesse ponto a questão tributária é importante, porque cada Estado possui uma alíquota ou um tratamento diferenciado para o mesmo produto – o que pode significar uma barreira que o e-commerce não supera.
Estar online é obrigatório?
Para essa pergunta, a reposta do economista é: depende. E o principal fator que pode determinar isso é o tipo de produto oferecido.
Capistrano exemplifica que lojas que trabalham com produtos que exige experimentação – como venda de ternos para casamento ou produtos com maior nível de especificação – dificilmente vão ter o mesmo sucesso que outros segmentos vem alcançando neste mercado.
“Não dá para colocar todo produto para vender no canal digital. E mesmo assim, se for vender, tem que encontrar sempre a melhor forma de se posicionar e atrair o cliente”.