Mato Grosso

Mudança de partido e intrigas: Medeiros não consegue ser discreto na campanha ao Senado

Os rumores que rondam o deputado federal chamam a atenção para ele. Correligionários saem em defesa

5 minutos de leitura
Mudança de partido e intrigas: Medeiros não consegue ser discreto na campanha ao Senado
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Dentre os pré-candidatos ao Senado, na eleição suplementar marcada para abril, o deputado federal José Medeiros (Podemos) vem se destacando, mas não pela candidatura em si. Rumores de que ele teria a intenção de mudar de partido assim que eleito e que sua relação com a (ainda) dona da vaga, Selma Arruda (Podemos), não anda tão boa é que têm chamado os holofotes para ele.

Vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara Federal, Medeiros seria o predileto do presidente – que não vai ter um candidato próprio de seu partido (ainda em criação) – para a disputa. E seria, justamente, para o Aliança pelo Brasil que o deputado teria a intenção de migrar.

Filiar-se ao partido agora, é impossível. Primeiro, o Aliança pelo Brasil não está registrado oficialmente. Segundo, as regras da eleição suplementar exigem que o candidato esteja nos quadros do partido há pelo menos seis meses.

Se a migração se confirmar, esta seria a quarta mudança de partido de Medeiros. Ele já foi  filiado ao antigo PPS (200-2016), migrou para o PSD (2016-2017) e está no Podemos desde 2017.

E mais do que isso, seria motivo de desagrado de muitas lideranças que permanecerão na legenda.

Relação estremecida

Cassada do cargo de senadora, Selma Arruda não estaria tão satisfeita com a candidatura de José Medeiros (Foto: Ednilson Aguiar/ O Livre)

Uma coisa é certa: Medeiros vem se esforçando para ser bem discreto em sua pré-campanha devido ao fato de Selma Arruda, cassada pela prática de caixa 2, ser sua correligionária. Mas mesmo assim, a relação entre eles já não seria das melhores.

Dentre os rumores que cercam o deputado, circula um que a senadora cassada, estaria apoiando o projeto do vice-governador Otaviano Pivetta (PDT), que também é pré-candidato ao Senado, e inclusive estaria tentando levar o Podemos para o arco de aliança em torno de Pivetta.

Em razão dessa suposta movimentação de Selma, um de seus colegas de partido, o sociólogo Hélio Silva, protocolou um processo junto ao diretório nacional do Podemos. Pediu a expulsão de Selma da sigla por “infidelidade partidária”.

Selma, no grupo de WhatsApp do Podemos Cuiabá, chegou a chamar Hélio de “canalha” e sustentou que “jamais” declarou apoio a Pivetta.

Boatos

Vice-prefeito de Cuiabá, Niuan Ribeiro, que é presidente do diretório municipal do Podemos, garantiu ao LIVRE que tudo que circula sobre Medeiros não passa de “fake news”.

“O deputado Medeiros nunca cogitou sair do Podemos para ir ao Aliança. Ele vai permanecer no partido. Nada impede Medeiros de ser da base de Bolsonaro e estar no Podemos. Ele está bem alinhado com o diretório nacional, estadual e municipal do partido”, sustentou.

Quanto à suposta crise entre Medeiros e Selma, Niuan afirmou que a relação entre os dois segue harmoniosa e que a juíza aposentada já declarou que em nenhum momento falou que apoiaria o vice-governador Otaviano Pivetta.

Presidente do Podemos em Cuiabá, Niuan Ribeiro garante que está tudo bem em relação a José Medeiros (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Niuan, apontou ainda que a maioria dos membros do partido está decidida pelo apoio a José Medeiros na disputa pelo Senado e que, inclusive, recebeu convite para integrar a chapa a ser encabeçada pelo parlamentar. Niuan deve ser o primeiro suplente.

A decisão será anunciada após convenção do partido, a ser realizada em março, conforme estabelecido pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE).

Pedra no caminho

Mas ainda que candidatura de Medeiros esteja 100% certa, a conjectura política da possível saída dele da Câmara Federal – caso eleito senador – faria o partido perder espaço no Congresso.

Quem assumiria a vaga é a advogada e Superintendente do Procon de Mato Grosso, Gisela Simona (Pros). Ela é a primeira suplente da coligação formada pelo PRB, PP, PTB, PT, PMN, Podemos, Pros e PR, nas eleições 2018.

Declaradamente de centro-esquerda, Gisela pode se transformar em uma “pedra no caminho” da bancada federal – hoje composta majoritariamente por parlamentares de direita ou centro-direita.

Gisela Simona recebeu mais de 50 mil votos em 2018, quando disputou o cargo de deputada federal (Foto: Jana Pessôa/Setasc)

Além da possibilidade de assumir cadeira na Câmara, Gisela também quer disputar a eleição ao Senado. E tem afirmado ainda que não descarta pleitear a Prefeitura de Cuiabá, nas eleições de outubro.

O que diz José Medeiros?

O LIVRE tentou contato por telefone com o deputado federal José Medeiros, mas ele não atendeu a ligação. A assessoria de imprensa do parlamentar informou que ele se recupera de uma cirurgia. O espaço continua aberto para manifestações.

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