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MT queima 7 mil campos de futebol por dia no período proibitivo

Isso porque o Estado contabilizou uma redução de 29% em número de focos de calor no primeiro mês do período de proibição

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MT queima 7 mil campos de futebol por dia no período proibitivo
Imagem Ilustrativa (Foto: Mayke Toscano/Secom-MT)

Em 32 dias de período proibitivo, 261,5 hectares foram queimados em Mato Grosso. O total aponta para uma média diária de 7,8 mil campos de futebol consumidos pelo fogo. Os dados foram coletados entre os dias 1º de julho e 1º de agosto. Para esse cálculo é considerado que um campo de futebol equivale a 1,08 hectare.

A área queimada neste período corresponde a 27% dos 935,2 mil hectares já queimados no Estado ao longo deste ano.

A análise foi feita pelo Instituto Centro de Vida (ICV), baseada em dados da plataforma Global Fire Emission Database (GFED)/NASA (National Aeronautics and Space Administration).

Os números da plataforma possibilitam uma espacialização da área atingida, o que torna possível estimatimar o tamanho do estrago e não apenas o número de focos de calor.

Os resultados mostram que ao menos 28% de toda área queimada no Estado em 2021 resultou de atividade ilegal, visto que as medidas governamentais proíbem qualquer uso de fogo na área rural durante este período. A proibição se dá porque as chances de alastramento do fogo são altas devido à seca e condições meteorológicas.

A categoria fundiária com maior incidência de áreas atingidas pelo fogo foi a de imóveis rurais inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR), responsável por 62% da área queimada, seguida pelas terras indígenas (TIs) e pelas áreas não cadastradas.

(Foto: André Souza/O Livre)

A TI com a maior área afetada por incêndios foi a Paresi, com cerca de 37 mil hectares queimados. Sozinha, a área responde por 22% do total afetado pelo fogo em TIs em Mato Grosso.

As terras indígenas (TIs) Parque do Xingu e Parabubure figuram como a segunda e terceira mais atingidas com 25,9 mil hectares e 15,7 mil hectares, respectivamente.

As unidades de conservação (UCs) de proteção integral e domínio público tiveram queimada área de 6,6 mil hectares, o que representa 1% do total atingido pelo fogo em Mato Grosso em 2021.

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Do total, o Parque Estadual Cristalino II, localizado na região amazônica do Estado, respondeu por 35% do atingido pelo fogo, em áreas que incidiram em imóveis rurais inscritos no CAR e sobrepostos ao parque.

Entre os biomas, 63% das ocorrências (588,2 mil hectares) se concentraram no bioma Amazônia, seguida do Cerrado com 35% (329,2 mil hectares) e do Pantanal com 2% (17,7 mil hectares).

No ranking dos municípios com maior área incendiada, lidera Paranatinga, com 57,1 mil hectares atingidos pelo fogo, seguida por São Félix do Araguaia, Tangará da Serra, Gaúcha do Norte e Juara.

Juntos, os cinco municípios representam 22% do total de área atingida pelo fogo em Mato Grosso até 1 de agosto.

Números em queda

Mato Grosso contabilizou uma redução de 29% em número de focos de calor no primeiro mês do período de proibição de queimadas, iniciado em 1º de julho. O resultado se deu principalmente pela diminuição significativa dos registros de fogo no Pantanal.

Em 2020, o mês de julho teve 2,4 mil focos de calor enquanto 2021 registrou 1,7 mil pontos no mesmo período nos três biomas do Estado.

Acometido por uma tragédia sem precedentes com os incêndios no ano passado, o Pantanal registrou 18 focos de calor neste mês. No ano passado, o número chegou a 641.

(Foto: André Souza/O Livre)

Os outros dois biomas seguem em ritmo semelhante aos do período anterior.

A Amazônia, bioma que em geral lidera os focos de calor no Estado, registrou um leve aumento, indo de 989 focos para 1.059, e o Cerrado uma ligeira redução, com a queda de 799 para 639.

Os números são do Monitor de Queimadas do Instituto Centro de Vida (ICV) com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Em relação ao período de janeiro a julho, o Estado registrou 7,2 mil focos de calor, uma redução de 21% em comparação com o mesmo período em 2020, quando foram registrados 9,1 mil pontos.

A maior parte ocorreu na Amazônia (68%) e no Cerrado (31%). No Pantanal, que no mesmo período do ano passado havia sido responsável por 12% dos pontos de possíveis incêndios no Estado, a participação agora é apenas 1%.

A preocupação persiste

O coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, Vinícius Silgueiro, alerta que os dados não significam um período proibitivo menos preocupante neste ano.

“Sabemos que, historicamente, os meses mais críticos de incêndios florestais são agosto e, principalmente, setembro. Então essa redução, apesar de importante, pode não seguir nesse ritmo”, avalia.

O especialista ressalta as características da seca neste ano do estado, que tem potencial de tornar o cenário de incêndios florestais crítico. “Em algumas regiões do estado completam mais de 90 dias sem chuva”, completa.

(Com Assessoria)

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