Durante a pandemia de covid-19, os casos de feminicídio em Mato Grosso aumentaram 150% entre março e abril deste ano. É o que revela um relatório elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O estudo foi feito a pedido do Banco Mundial.
Feminicídio é o assassinato de uma mulher, cometido devido ao desprezo que o autor do crime sente quanto à identidade de gênero da vítima.
De acordo com os dados, Mato Grosso iniciou o bimestre com seis vítimas e o encerrou com 15. Números que colocam o Estado entre os que tiveram resultado negativo durante o período analisado.
O Estado fica atrás apenas do Acre, que teve aumento de 300%, e do Maranhão, que contabilizou 16 vítimas e um aumento de 166,6%.
Os números só caíram em três Estados: Espírito Santo (-50%), Rio de Janeiro (-55,6%) e Minas Gerais (-22,7%).
No país, o aumento é de 22,2%, um percentual calculado comparando os números com o mesmo período do ano passado.
Os dados foram coletados nos órgãos de segurança dos Estados brasileiros.
Novo contexto
O Fórum confirmou ainda a queda no número de boletins de ocorrência registrados pelas vítimas contra os agressores. A realidade evidencia a maior vulnerabilidade das mulheres e dificuldade em formalizar as queixas.
LEIA TAMBÉM
- Casos de feminicídio aumentam 100% durante meses de isolamento social em MT
- Denúncias de violência contra criança caem 70% em Cuiabá durante a pandemia
Os fatores que explicam essa situação são a convivência mais próxima com os agressores. No novo contexto – o isolamento social -, eles podem facilmente impedi-las de se dirigir a uma delegacia ou acessar outros canais de denúncia.
Para a defensora pública Rosana Leite, o fim dos relacionamentos são a principal causa das mortes de mulheres.
“Entendo que a violência contra as mulheres sempre foi a mesma, ou seja, não aumentou e nem diminuiu. Apenas apareceu com a chegada da Lei Maria da Penha no Brasil. A meu sentir, o único crime que, de fato, aumentou sobremaneira foi o feminicídio, principalmente pelo inconformismo com o término do relacionamento”, afirmou.
A falta de ação do Poder Público contra esse tipo de crime também é citado pela defensora.
“Existe erro em algum lugar, se a violência contra as mulheres, que pode ser evitada, está ocorrendo em larga escala. O Poder Público está falhando em algum ponto”, finaliza.
(Com Agência Brasil)