O Ministério Público de Mato Grosso ofereceu denúncia contra Cláudio Valadares dos Santos por feminicídio qualificado praticado contra a companheira Indiana Geraldo Tardett. Ele é acusado de ter encomendado da morte da morte da mulher para não dividir bens, entre eles uma empresa no ramo de manutenção de aeronaves que administravam juntos.
Além do marido, o MP acusa pelo homicídio Márcio Andrade dos Santos e Jucilene Batista Rodrigues, apontados como executores do crime, que ocorreu em maio deste ano, em Lucas do Rio Verde (355 km de Cuiabá).
Os três acusado já estão presos provisoriamente e responderão também por fraude processual, em razão de terem alterado a cena do crime para indicar que fosse suicídio.
O crime
De acordo com o MP, Cláudio e Indiana mantinham união estável desde 2016 e eram sócios em uma empresa no ramo de manutenção de aeronaves. Ela era responsável pela parte financeira/gerencial e ele pela parte operacional. O casal, no entanto, tinha um relacionamento conturbado e marcado por traições, então iniciou um processo de separação.
Cláudio, todavia, considerava-se o único proprietário da empresa e, portanto, único detentor de todos os direitos ao negócio, narra o MP. Dessa forma, teria decidido se livrar de Indiana e, consequentemente, da divisão patrimonial.
Ainda de acordo com a denúncia, ele entrou em contato com o sacerdote de candomblé Márcio, popularmente conhecido como “Pai Baiano”, que conhecia o casal há alguns anos e prestava auxílio espiritual a eles.
No encontro, Cláudio teria confidenciado que o relacionamento estava insustentável e que não só era preciso “desamarrar a relação”, mas “colocar Indiana no caldeirão do satanás”.
Márcio, por sua vez, pediu auxílio a Jucilene, que também trabalhava com rituais de candomblé, para executar o crime.
Suicídio forjado
Eles foram até a casa da vítima entre os dias 30 e 31 de maio, com o pretexto de que a ajudariam a reatar o relacionamento.
“Já no interior do imóvel, os denunciados Márcio e Jucilene, visando ocultar o propósito homicida, iniciaram a dissimulação de um ritual, orientando que a vítima permanecesse de joelhos, em cima de um lençol branco, em um dos quartos da residência, enquanto os dois iniciavam, fraudulentamente, o processo ritualístico”, narra a denúncia.
Márcio, então, desferiu o primeiro golpe na cabeça da vítima, com um facão artesanal de aproximadamente 1,1 kg, deixando-a desacordada para depois golpear a lateral direita do pescoço e próximo ao punho direito.
Em sguida, prossegue a denúncia, “Márcio e Jucilene, com a ciência do mandante do delito, modificaram o lugar do crime, cobrindo a vítima com um cobertor branco, além de deixar o facão na mão direita da ofendida, tentando simular a ocorrência de um suicídio”.
(Com Assessoria)