Depois de anunciar para esta segunda-feira (06) o começo do monitoramento por câmeras da faixa exclusiva de ônibus, e da aplicação de multas aos motoristas que a infringirem, a Prefeitura de Cuiabá recuou.
No início da noite de domingo (5), por meio de nota postada em sua conta do Facebook, o prefeito Emanuel Pinheiro comunicou a decisão de abrir uma “janela” de 120 dias, ao longo da qual os infratores serão apenas notificados.
“Mesmo havendo previsão legal para a punição dos infratores, entendo que não promovemos previamente uma ampla campanha educativa e de esclarecimento ao público”, argumentou o prefeito, na nota.
Apesar da justificativa apresentada, o fato é que a nova estratégia de fiscalização vinha dominando os debates do final de semana nas redes sociais. O tom das manifestações, em sua maioria, era de crítica à ampliação da suposta “indústria da multa”.
O prefeito utilizou o mesmo termo em sua nota -que foi rapidamente compartilhada por assessores em diversos grupos de WhatsApp. “Como a regra da nossa gestão é o trânsito humanizado focando a ‘indústria da vida’ e não a ‘indústria da multa’, [havia] a necessidade de ampliar a comunicação e se utilizar de medidas educativas antes de qualquer aplicação das sanções legais”, disse Pinheiro.
Se evitou o desgaste com os proprietários de veículos, a decisão prejudicou a grande maioria da população, que depende dos ônibus para se locomover. E é a própria prefeitura quem admite o fato, em nota publicada na sexta-feira (3).
“As frotas de ônibus têm enfrentado dificuldades para cumprir seus respectivos itinerários com celeridade. Com outros automóveis utilizando o espaço reservado para os usuários do transporte público, as viagens têm se tornado mais longas, prejudicando a qualidade do serviço.
Em entrevista à assessoria de comunicação do município, o secretário de Mobilidade Urbana, Antenor Figueiredo, lembrou que os ônibus transportam, em média, cerca de cinco milhões de passageiros por mês na capital -uma vez e meia a população do Estado.
“As faixas exclusivas foram criadas com a missão de deixar o caminho livre para que os ônibus circulem com mais rapidez. No entanto, quando todos passam a usar o mesmo espaço sem autorização, o trabalho desenvolvido pelos motoristas – que consiste em levar o usuário ao seu destino em tempo hábil – fica comprometido”, afirmou.
No Facebook, o prefeito reconheceu a necessidade de fiscalizar e punir os infratores. “A legislação já prevê aplicação de multa e outras sanções, inclusive admite a utilização dos meios eletrônicos da Central de Monitoramento em auxílio ao agente de trânsito (amarelinho)”, escreveu.
Mas, defendeu, é preciso antes “educar”. “Jamais a nossa gestão irá tomar medidas ‘goela abaixo’ e sem uma ampla discussão com a sociedade. Fui eleito para melhorar a vida das pessoas. Vamos investir na educação e na conscientização”.