A taxa de mortalidade pela covid-19 na segunda onda de contágio em Mato Grosso é até 45% menor que a registrada nos meses de pico da pandemia, em meados do ano passado.
De junho a setembro, o registro de mortes cresceu 2.176%. No fim do primeiro semestre do ano passado, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) havia confirmado 126 óbitos pela doença. No início de setembro, o número chegou a 2.868 casos. Alta de 2.742 mortes.
Conforme especialistas e a própria SES, esses foram os meses com maior média de casos novos ao dia, com a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e enfermaria acima de 70%, já dentro do cenário de colapso da rede exclusiva para atendimento na pandemia.
Para ilustrar a situação, no fim da primeira semana de junho, a taxa de ocupação de UTI estava em 47,7% de 228 leitos disponíveis à época. Trinta depois, a taxa subiu para 97% de 246 leitos disponíveis. Na primeira semana de setembro, a ocupação estava em 69%.
Novo colapso?
Agora, Mato Grosso atravessa um cenário semelhante no que diz respeito a taxa de ocupação de leitos com pacientes em estado grave. Conforme o boletim divulgado nessa quinta-feira (25) pela SES, a ocupação de UTI está em 69,3%.
A diferença, entretanto, é que o número de leitos mais que dobrou no Estado. O boletim informa um total de 756 vagas pactuadas para atender a pacientes da pandemia.
Mas de acordo com os boletins diários da Secretaria de Saúde, a segunda onda de contágio tem matado menos pessoas no Estado.
Ela teve início em meados de dezembro. Se considerada a primeira semana daquele mês, o número de mortes confirmadas estava em 4.216, conforme o boletim da SES.
Até a primeira semana de fevereiro, esse número havia subido para 5.334, o que representa uma alta de 26%. E se forem acrescentadas as mortes que ocorreram até esta quinta-feira (25), o número sobe mais: 5.747 (36%).
O número de casos novos nesse período foi de 1.531, 55% da variação no pico da primeira onda.
Ainda assim, na primeira onda, a média de mortes diárias chegou a 40. Hoje, está na casa das 25, segundo o deputado estadual e médico sanitarista Lúdio Cabral (PT).
“A medicina conseguiu lidar melhor com a doença, conforme o contágio ia avançando. Foi dando tratamento adequado na fase de alta infecção. Isso sem dúvida impactou o número de mortes agora, na segunda onda. Mas elas poderiam ser evitadas”, ele avalia.
Segundo Lúdio, Estados e municípios poderiam ter adotado medidas de rastreamento de contágio nos meses de recrudescimento do contágio (entre setembro e novembro) para controlar o crescimento das taxas de doentes graves.
“Mato Grosso tem menos mortes agora, mas tem a quarta maior taxa de mortes do país, atrás apenas de Estados como Amazonas, Para. O governo não se preparou para a segunda onda”, ele afirma.