Ednilson Aguiar/O Livre
Ex-secretário está atualmente em prisão domiciliar
O Ministério Público Estadual (MPE) reforçou o pedido de prisão preventiva contra o ex-secretário de Estado de Fazenda Marcel Souza de Cursi.
Marcel foi preso em setembro de 2015 e deixou o Centro de Custódia da Capital (CCC) no último dia 7 de julho. Ele está em liberdade monitorada, ou seja, utiliza uma tornozeleira eletrônica.
Marcel é acusado de fazer parte de uma organização criminosa liderada pelo ex-governador Silval da Cunha Barbosa (PDMB), investigada nas operações Sodoma, Seven e outras. O ex-governador adotou recentemente uma postura de colaboração, tendo fechado um acordo de delação premiada.
No último dia 28, ele prestou depoimento e disse que há deputados envolvidos nos esquemas de Silval.
‘Efeito contrário’
O pedido de prisão de Marcel foi feito na segunda-feira (7) e é assinado pela promotora Ana Cristina Bardusco, da 14ª Promotoria Criminal.
“Na verdade, a confissão do líder pode ter efeito contrário na conduta de Marcel de Cursi, aumentando ainda mais a sua ira contra todos os colaboradores e vítimas, portanto, potencializando o risco de abalo à ordem pública, especialmente porque já há prova cabal de que o acusado integrou a organização criminosa, desmontando a tese de sua defesa”, escreve a promotora.
Bardusco citou a possibilidade de o ex-secretário cometer novos crimes e atrapalhar o andamento do processo como razões para que ele volte ao CCC. A promotora cita o prestígio do ex-secretário e afirma que ele teria tido acesso a informações sigilosas com relação à sua prisão em 2015.
“Há provas que o requerente usou desse prestígio para tentar obstaculizar sua segregação cautelar na operação Sodoma 1, quanto mais o fará para se furtar do cumprimento da reprimenda”, disse.
O MPE incluiu um trecho de três conversas de Marcel de Cursi com o ex-chefe da Casa Civil Pedro Nadaf, com um advogado e também com sua esposa, Marnie de Almeida Claudio, via Whatsapp. Nos diálogos, o ex-secretário fala em sair da cidade no dia anterior à sua prisão.
Mikhail Favalessa/O Livre
No dia 03, Marcel e Nadaf conversam sobre a necessidade de manter diálogo com um advogado para fazer sua defesa em uma futura prisão. “Na duvida some hj e amanha (sic)”, escreveu Marcel.
Em seguida, é transcrita uma conversa realizada no mesmo dia entre o ex-secretário e o advogado Leonardo Cruz em que ele pede uma reunião com “urgência”. O advogado pede “serenidade e equilíbrio” a Cursi.
No dia 4, em conversa com sua esposa, o ex-secretário dá a entender que estava fora de casa devido a informação de que poderia ser preso, segundo o MPE.
“Marcel de Cursi: Ma. Bom dia. Aconteceu?”
“Marnie: Não.”
“Marcel de Cursi: Vou voltar”
“Marnie: Ok.”
“Marnie: Bj.”
Marcel seria preso 11 dias depois, em 15 de setembro, na deflagração da primeira fase da Sodoma, que investigou fraudes e recebimento de propina relativos a incentivos fiscais do Programa de Desenvolvimento da Indústria e do Comércio de Mato Grosso (Prodeic). O ex-secretário nega participação nos crimes e diz ter atuado de maneira legítima durante sua gestão à frente da Sefaz.