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Mercado Municipal de Cuiabá é retrato da insegurança e do abandono

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Mercado Municipal de Cuiabá é retrato da insegurança e do abandono
(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Um dos mais tradicionais endereços do comércio de Cuiabá, o Mercado Municipal “Miguel Sutil”, localizado no coração da cidade, entre a rua Joaquim Murtinho e a Avenida Isaac Póvoas, vem enfrentando graves problemas com a falta de estrutura.

Há pelo menos 20 anos os comerciantes reclamam do abandono por parte do poder público. Isso porque, durante esse tempo, pouco se investiu em melhorias, ao menos na estrutura. Sebastião de Paula é um dos permissionários do mercado. Sua mercearia funciona em um dos pontos mais bem localizados, que dá para a Rua Joaquim Murtinho.

O comerciante conta que o problema é antigo. Conseguiu seu espaço com outros 32 permissionários, ainda na gestão do prefeito Roberto França (1997-2005). Mas acontece que, após o término da gestão, não houve mais um controle e nem o suporte esperado pela Prefeitura de Cuiabá.

Segundo a gestão municipal, o terreno onde hoje fica localizado o mercado foi adquirido pela Câmara de Vereadores em 1903. Décadas depois, em 1940, a edificação foi erguida, permanecendo sob responsabilidade do Poder Legislativo até o final de 2017.

“Mas essa falta de apoio desanimou muito os permissionários. Antes éramos em 32, hoje estamos em 26. Tentei até montar uma associação para conseguir administrar e quem sabe nós mesmos bancarmos as melhorias que precisam ser feitas. Mas o pessoal já estava desmotivado e não quis mexer com isso”, relembrou Sebastião.

(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

A situação atual é de abandono. Faltam telhas, a fiação elétrica é antiga e está exposta em alguns boxes. Algumas das pilastras de sustento do prédio estão cedendo. Mas estes são apenas alguns dos problemas. O fato de não haver um controle sobre os estabelecimentos que estão funcionando no mercado pode ser um dos principais motivos para a insegurança.

Há a suspeita de que um dos estabelecimentos seja ponto de tráfico de drogas e de prostituição. Nenhum dos comerciantes entrevistados sequer falou sobre o assunto, mas contaram que constantemente a Polícia Militar (PM) tem feito abordagens no local. Os comerciantes temem que isso afaste ainda mais os clientes.

Em um dos açougues que funciona na parte de dentro do Mercado Municipal, uma funcionária que não quis se identificar disse que muitos clientes nem chegam a ir até o local. Para isso, o dono do estabelecimento teve que criar o serviço de entregas. “70% das vendas que a gente faz aqui são por telefone. A gente só conseguiu manter 30% da clientela”, disse a atendente.

Outro problema enfrentado pela maioria dos permissionários é com relação aos constantes furtos. Com o empresário Gilberto Duivan, o episódio já ocorreu três ou quatro vezes. Além do próprio sustento, Gilberto também emprega mais dois funcionários em seu estabelecimento, que fica na outra ponta do mercado, com a saída para a Avenida Isaac Póvoas.

“Acho que todo mundo que está aqui hoje já foi roubado. Várias pessoas que tocavam outros tipos de comércio não aguentaram essa situação e fecharam seu ponto. Até restaurante tinha aqui dentro, era muito movimentado mesmo”, relembrou Gilberto.

Cliente há sete anos, Herlon Bezerra cansou de esperar por melhorias. Disse que já pediu até mesmo apoio de um dos vereadores da Capital para que ele sensibilize a Prefeitura na revitalização do espaço.

“Eu compro carne no açougue de lá já tem sete anos. E em todo esse tempo a situação é a mesma. Se o lugar tem problemas é porque a Prefeitura sempre disse que ia resolver e nunca fez nada”, completou Herlon.

(Foto:Ednilson Aguiar/ O Livre)

Licitação e reforma

O LIVRE entrou em contato com a Prefeitura de Cuiabá, que informou que o local está dentro do cronograma de obras deste ano. Para isso, a prefeitura está realizando um edital de reforma, que revitalizará o mercado e também o Estádio Eurico Gaspar Dutra (Dutrinha). O processo seletivo conta com a parceria do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).

“Os projetos deverão obedecer a critérios mínimos previstos em edital, garantindo que algumas demandas básicas sejam sanadas. Os profissionais poderão usar a criatividade, mas respeitando itens como a quantidade de lojas e vagas de estacionamento, como, por exemplo, no caso do Mercado”, disse o superintendente do Instituto De Planejamento E Desenvolvimento Urbano (IPDU), Márcio Puga.

No entanto, o prazo para o início e término das obras não foi informado.

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