Política

Mensagens mostram bastidores de contratações na Prefeitura de Cuiabá

Conversas extraídas de aplicativo de celular relatam negociação de cargos para apoiadores políticos, inclusive com indicação de parlamentares da Capital e do Estado.

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Mensagens mostram bastidores de contratações na Prefeitura de Cuiabá
(Foto: Divulgação/Pixabay)

Trechos de mensagens extraídas dos aparelhos celulares dos investigados na operação Capistrum mostram os bastidores das contratações na Prefeitura de Cuiabá. As conversas analisadas estão no relatório que embasou o afastamento do prefeito da Capital, Emanuel Pinheiro (MDB). O gestor está afastado de suas funções desde 19 de outubro.

O documento traz várias trocas de mensagens realizadas entre os investigados desde 2018. Em uma delas, a primeira-dama Márcia Pinheiro conversa com a então secretária de governo Ivone de Souza sobre a solicitação de uma vaga de trabalho. A solicitação é de uma vaga de técnica de enfermagem na sala vermelha do antigo Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá.

Nesse diálogo do dia 8 de maio, Márcia até mostra fotos dela e Emanuel acompanhados da mãe da técnica em enfermagem, quando Pinheiro ainda era deputado estadual. Em uma das mensagens encaminhadas há até o apontamento de que a mulher teria trabalho “de graça” na campanha eleitoral.

Em outro recorte, a primeira-dama é informada por um outro funcionário sobre irregularidades no suprimentos de fundos. Mais adiante, em outra ocasião, Ivone e o ex-coordenador de Gestão de Pessoas, Ricardo Aparecido Ribeiro,  discutem a possibilidade de aumentar o prêmio-saúde de uma funcionária.

Em abril de 2019, em outra conversa com Irene, a primeira-dama, Márcia, encaminha a cópia de uma mensagem, na qual, um contratado da saúde compartilhou uma foto de Emanuel Pinheiro colocando dinheiro no bolso do paletó. Ivone informa que o rapaz em questão seria indicação do deputado estadual Eliseu Nascimento (PSL).

Conversa com Huark

O relatório traz também trechos de conversa entre o ex-secretário municipal de Saúde, Huark Douglas Correia e Ivone. O gestor relata que foi procurado pelo vereador Mário Naddaf, em maio de 2018, pois uma parente do parlamentar tinha sido demitida.

Em outra conversa, Huark se nega a assinar as 350 contratações cobradas por Ivone. O pedido foi feito no mesmo dia em que o Tribunal de Contas do Estado proibiu novas contratações.

“Não acordei isto. Tudo que vc fosse fazer iria despacha comigo. 350 contratos. Eu não consegui segurar uma pessoa. Só pedi uma em todo este processo. Nem sabia quem era. Não vou assinar”, respondeu o ex-secretário, em mensagens seguidas. “Ok”, limitou-se a dizer Ivone.

Emanuel Pinheiro e Monreal Neto

As conversas de Emanuel Pinheiro (MDB) e o ex-secretário de Gabinete, Antônio Monreal Neto, também foram dispostas no relatório. Em fevereiro de 2020, Emanuel encaminhou ao seu braço-direito o currículo de uma mulher especificando que era neta de um homenageado pela prefeitura com uma praça, e a pedido de uma terceira pessoa.

Já em abril, o prefeito encaminhou a Monreal um pedido feito pelo vereador Marcrean Santos (PP). De acordo com as investigações, a pessoa indicada pelo parlamentar possui vínculo empregatício na Secretaria Municipal de Saúde.

Em outra ocasião, desta vez em julho do ano passado, Emanuel encaminha ao chefe de gabinete um documento e questiona quem teria nomeado aquela pessoa. Monreal Neto confirma que há uma relação entre o alvo e o então, vereador, Felipe Wellaton (Cidadania). “Mas não sei se foi eleito no conselho. Vou levantar”, disse. “A propria presidente publicou a eleição”, explicou na mensagem escrita.

Monreal Neto chegou a afirmar que veria com a Procuradoria Geral do Município (PGM) se teria como reverter a nomeação.

O que dizem os parlamentares?

O vereador Mário Nadaf informou que tem um relação de parentesco de 2º grau com a pessoa apontada na mensagem. O parlamentar disse que, pelo que tem conhecimento, a mulher atua na gestão desde o governo de Mauro Mendes, permanecendo, então, por conta de sua competência, “sem qualquer interferência de natureza política”, garantiu.

“Nunca foi tratado qualquer assunto dessa natureza com o ex-secretário Huark, muito menos autorizado ninguém a tratar em nome do vereador”, afirmou.

Nadaf ainda frisou que frequenta todas as secretarias do Município, Estado, e da União, no intuito de tratar assuntos de interesses coletivos decorrentes do exercício de seu mandato.

Eliseu não se posicionou até o fechamento desta edição e Marcrean não atendeu à ligação da reportagem.

O que diz a defesa do prefeito?

O Livre entrou em contato com o advogado Francisco Faiad mas a ligação foi diretamente para a caixa postal.

O espaço continua aberto para todos que quiserem se manifestar.

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