Os brasileiros estão comendo menos carne. O consumo desse tipo de alimento caiu mais de 40% no país, segundo um levantamento de pesquisadores da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com a Universidade de Brasília (UnB).
Não é para menos. Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) apontam que o preço no varejo de praticamente todos os cortes de bovinos, suínos e de aves aumentou no último mês.
O maior reajuste foi no preço da coxa e sobrecoxa do frango: 9,2% entre fevereiro e março. O custo médio do quilo desse corte em Cuiabá está na casa dos R$ 14,50, conforme o instituto.
A costela suína ocupa a segunda posição, com um aumento nos preços de 7,4%. O quilo tem saído a cerca de R$ 23,60 na Capital.
O levantamento do Imea aponta que apenas quatro tipos de carnes tiveram reajustes para baixo em março. E esses percentuais não chegam nem perto daqueles que foram para cima.
A maior redução de preços foi no quilo do peito de frango: 0,86% o que significa um custo médio em Cuiabá de R$ 12,43 por quilo.
As outras reduções foram nos preços da moela de frango (0,27%), do lagarto bovino (0,33%) e da coxinha da asa de frango (0,01%).
Menos qualidade na alimentação
A pesquisa das três universidades apontou para uma piora na qualidade da alimentação dos brasileiros. Junto com a carne, as pessoas também estão consumindo menos frutas e queijos. Houve queda ainda no consumo de hortaliças e legumes (36,8%).
No caso dos queijos, os indicadores do Imea apontaram que, em geral, os preços caíram.
Isso ocorreu com o queijo minas frescal (1,27%), com o muçarela (4,54%) e com o provolone (1,32%). Somente o queijo prato e o coalho tiveram aumentos de 4,27% e 0,67%, respectivamente.
No caso das frutas, hortaliças e legumes, o Imea possui dados dos itens que compõem a cesta básica.
A banana teve queda de 4,69%. O preço da batata caiu 11,26%, mesmo percentual no caso do tomate.
Todos esses alimentos são considerados marcadores de uma alimentação saldável, segundo nutricionistas. Mas consumi-los em quantidade menor não foi o pior quadro que a pesquisa das três universidades apontou.
Quase 60% das famílias brasileiras passam por situação de insegurança alimentar. Isso quer dizer a incerteza sobre a possibilidade de comprar comida ou uma queda na quantidade ou qualidade dos alimentos adquiridos.
Em 15% dos lares brasileiros, conforme o levantamento, já falta comida na mesa.
A pesquisa, teve os resultados nesta terça-feira (13). Ela foi realizada entre novembro e dezembro de 2020, com duas mil pessoas de todas as regiões do país.