O candidato ao governo Mauro Mendes (DEM) comparou o governador Pedro Taques (PSDB) ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por usarem o mesmo argumento de não terem conhecimento de atos de corrupção supostamente praticados para beneficiá-los. Hoje adversário do tucano, Mendes era aliado de Taques quando ele se elegeu governador nas eleições de 2014, e confirmou que o delator Alan Malouf atuava no setor financeiro da campanha.
“Eu participei da campanha e ele era, sim, a pessoa responsável por gerenciar pagamentos da campanha. Não tem como dizer diferente disso, porque não seria verdade”, afirmou Mendes, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (22).
O candidato a vice da chapa de Mendes, Otaviano Pivetta (PDT), que foi coordenador-geral da campanha de Taques em 2014, se esquivou de comentar a participação do delator à época. “Eu não sei, não acompanhei a relação dele com Alan Malouf. Eu ficava aqui nesse comitê cuidando da parte operacional”, disse.
Taques e Lula
Em entrevista coletiva na terça-feira (22), Pedro Taques negou novamente ter havido caixa dois na sua campanha ao governo. Admitiu, porém, que Malouf o apoiou e lhe apresentou empresários que se tornaram doadores de forma legal. Mendes comparou Taques a Lula pelo fato de o petista sempre ter negado saber da compra de apoio de deputados ao seu governo, que veio à tona com o escândalo do mensalão.
“Eu vi o governador muitas vezes criticar duramente o Lula porque sempre usava essa desculpa que não sabia de nada. Será que ele não está repetindo a mesma história do nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Normalmente uma estratégia daqueles que são pegos de calças curtas. Dizem: ‘não sei de nada’, ‘minhas contas foram aprovadas’. Escutamos essa história todo dia quando mostram casos de corrupção na política. É o velho jargão”, disparou.
Pivetta também criticou o argumento do tucano. “Ou ele não sabia e é incompetente, ou ele não sabia e finge que não viu. Nenhuma das duas situações são aceitáveis para um governante”, afirmou.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou a delação premiada de Alan Malouf, que confessou ter operado o “caixa dois” da campanha de Taques em 2014. Essa foi a motivação alegada para o esquema de corrupção montado na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) em 2015, desmantelado pela Operação Rêmora. O dinheiro seria desviado de obras de escolas para recuperar o investimento não declarado na candidatura.
“Lamento que coisas assim tenha acontecido. Entendo que se o STF e o Ministério Público Federal (MPF) homologaram a delação, é porque algo de concreto, provas robustas, forma apresentadas. Ele tem que se explicar para a população, não para mim”, disse Mendes.