O Ministério Público Estadual (MPE) abriu uma investigação para apurar possíveis irregularidades no atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Cuiabá. O órgão recebeu denúncias de problemas no agendamento de consultas e exames, além de falta de ética na conduta de médicos e servidores da Saúde.
Também serão apurados pelo promotor de Justiça Alexandre de Matos Guedes, da 7ª Promotoria de Defesa da Saúde Coletiva, a “precariedade da rede pública de saúde do município de Cuiabá”, com o objetivo de adotar medidas para que o serviço seja prestado “de maneira ágil e eficiente”.
“É informado na reclamação que muitos médicos da rede pública de saúde atendem a população de maneira estúpida e hostil, onde sequer olham para o paciente e prescrevem o remédio que acham necessário para solucionar o problema. O mesmo ocorre com os médicos pediatras que não entrevistam as mães para poder ter um diagnóstico sobre o que a criança tem”, diz trecho da portaria de abertura do inquérito.
O MPE afirma que recebeu denúncia de omissões de socorro, informando que alguns médicos se negam a prestar atendimento aos pacientes por não serem lotados no pronto atendimento das unidades de saúde.
Os pacientes estariam sendo tratados por atendentes e recepcionistas como se “fossem insignificantes, uma vez que atendem ligações no decorrer do atendimento tratando de assuntos pessoais e afins”.
A triagem também estaria sofrendo com a falta de ética de servidores. Enfermeiros deste setor estariam dando preferência a amigos, parentes e conhecidos, “deixando os pacientes que não tem ligação com os mesmos em longa espera por atendimento”. Há relatos de demora excessiva no atendimento com especialistas como cardiologistas, pneumologistas, entre outros.
A investigação ainda deve apurar a suposta falta de medicamentos e insumos básicos como, ampolas, seringas, esparadrapos, álcool, ataduras, papel higiênico, entre outros. Cadeiras de roda das unidades estariam em péssimo estado.
Saúde da Família
Reclamações enviadas ao MPE dão conta ainda de que o atendimento nas unidades do Programa de Saúde da Família (PSF) também não seria eficiente.
“Aduz na reclamação que a marcação de consultas nos PSF’s ocorre apenas uma vez por semana com número limitado de pacientes a serem atendidos. Informa ainda, que o agendamento de consultas é confirmado por telefone, sendo que por muitas vezes os funcionários incumbidos de prestarem essa função ligam apenas uma vez e se por algum motivo o paciente não atende no momento, este perde a vaga, a consulta ou o exame”, diz o documento.
Outro lado
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá afirmou que ainda não foi notificada e, por isso, não iria se manifestar neste momento.
Veja a nota:
Em relação ao Inquérito Civil instaurado pelo Ministério Público (PORTARIA N.º 025/2018), o departamento jurídico da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá – SMS informa que a Secretaria ainda não foi notificada. Assim que a SMS for notificada oficialmente daremos as respostas cabíveis.
