Crônicas Policiais

Médico procura a polícia por não sentir reações após ser vacinado contra a covid-19

Profissional de saúde acusada de "falsa aplicação" também acabou denunciando o médico por difamação

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Médico procura a polícia por não sentir reações após ser vacinado contra a covid-19
Foto: Ednilson Aguiar/O Livre

Um médico oftalmologista de 56 anos procurou a polícia nesse domingo (14) para denunciar a profissional de saúde que lhe aplicou a vacina contra a covid-19. A denúncia tinha como motivo a desconfiança de que ele teria recebido uma “versão falsa” da vacina.

A profissional da saúde, de 44 anos, após ser informada sobre a denúncia, também procurou a polícia e acusou o médico por difamação.

A versão do médico

O oftalmologista afirmou em seu registro que agendou a vacinação contra a covid-19 para o dia 8 de fevereiro, às 19 horas, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá.

Ele recebeu a vacina AstraZeneca, mas desconfiou. Isso porque disse ter sentido apenas a agulha da injeção perfurar seu braço e não o líquido da vacina entrar em seu corpo.

Diante da suspeita, ele pediu para ver a seringa e a funcionária lhe mostrou que estava vazia.

À polícia, o médico disse ter ido embora e que, nos dias seguintes, não teve nenhuma reação, sequer dor ou incomodo no local da aplicação. Novamente, então, passou a desconfiar.

Nesse domingo (14), então, ele resolveu procurar uma delegacia. O caso foi registrado como ocorrência atípica.

Foto: Ednilson Aguiar/O Livre

Versão da profissional da saúde

Por volta das 11 horas do domingo, pouco depois da denúncia, colaboradores da Vigilância Epidemiológica abordaram a profissional da saúde em questão.

Ao ver o nome do paciente, ela se recordou imediatamente do caso. O médico oftalmologista é o mesmo que trata dela há 20 anos.

Ela descreveu, então, como havia sido a vacinação em detalhes:

“Ele foi encaminhado para minha mesa e, ao ver que o mesmo estava na minha direção, disse boa noite, fui até a caixa térmica, peguei o frasco de 10 doses da vacina AstraZeneca, aspirei 0,50 ml de vacina, fui em sua direção, pedi que ele levantasse a manga da blusa e, em seguida, administrei a vacina”.

A mulher se recorda, inclusive, que o médico olhou para o lado da administração e fez face de dor e que ela o orientou a fazer compressa com gelo, caso ficasse dolorido. Depois, pediu que ele se sentasse na sala de espera por 15 minutos, onde ele ficou distraído com o celular.

Ela nega que ele tenha pedido para ver a seringa ou questionado a aplicação. Completou dizendo estar com a consciência tranquila.

Foto: Ednilson Aguiar/O Livre

Cada corpo é um corpo

A profissional, então, pediu para conversar com o médico, que manteve a mesma versão. Ele afirmou que tinha conversado com amigos que também foram vacinados e todos tiveram reações, menos ele.

A equipe da Vigilância Epidemiológica chegou a lembrar ao médico que cada organismo reage de uma maneira e que nem todos têm reações a vacinas. Também foi explicado a ele que o processo de controle rigoroso na entrega das vacinas aos vacinadores e na devolução dos frascos vazios e que não havia retornado nenhuma dose.

A profissional, por sua vez, apelou para o fato de que, em 13 anos de trabalho, nunca ter recebido nenhuma denúncia em ouvidoria.

Segundo a profissional de saúde acusada, ao ouvir tudo isso, o médico teria respondido que não duvidava do rigor da Vigilância, o que a fez entender que a dúvida dele, portanto, era quanto à integridade moral dela.

Por fim, o médico insistiu em fazer a denúncia na ouvidoria, visto que exigia ser vacinado novamente. A Vigilância Epidemiológica disse que outra dose só poderia ser aplicada após 30 dias. E a profissional de saúde também procurou uma delegacia para denunciar o médico por difamação.

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