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“Me identifico muito com o eleitor do Bolsonaro”, diz Ciro Gomes em Cuiabá

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“Me identifico muito com o eleitor do Bolsonaro”, diz Ciro Gomes em Cuiabá

Ednilson Aguiar/Olivre

Ciro Gomes

Ciro Gomes veio a Cuiabá para a convenção do PDT

O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, mostrou intenção de conquistar eleitores do possível adversário Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Em Cuiabá, o presidenciável afirmou que o eleitorado de Bolsonaro é composto de pessoas indignadas com a situação do Brasil, porém, erram ao buscar o caminho simplista proposto pelo deputado federal.

“Então a população está indignada, com razão, e elege um cidadão que simplifica as coisas. Me identifico muito com o eleitorado do Bolsonaro. Com a maioria deles; com os fascistinhas, não. Mas a maioria está procurando autoridade, respostas para a violência impune”, afirmou, em entrevista coletiva antes da convenção estadual do PDT, no Hotel Fazenda Mato Grosso, na tarde de sexta-feira (24).

Questionado sobre o que pensava do concorrente, Ciro não economizou críticas. Ele afirmou que Bolsonaro é um personagem. “De repente, como um camaleão, ele vai incorporando cores para agradar grupos que o interessam, com quem ele não tem nada a ver. Ele se diz nacionalista, mas vai aos Estados Unidos todo excitado bater continência para a bandeira americana. Quando cobram dele opinião sobre economia, ele diz que vai contratar um expert”, citou.

Para o ex-ministro e ex-governador do Ceará, o discurso de que “bandido bom é bandido morto” não resolve o problema de segurança pública que afeta o Brasil. “Se bater e matar pessoas fosse garantia de segurança, o Brasil seria o país mais pacífico do mundo”, declarou. “Bolsonaro resume isso numa frase: bandido bom é bandido morto. E a população se identifica, entende fácil. Mas o bom não é entrar no governo com a população feliz com você. O bom é sair do governo com a população feliz”, afirmou.

Ciro criticou também a proposta de armar os produtores rurais. “Ele diz que vai permitir que cada proprietário rural tenha um fuzil. Ora, cada pessoa vai virar agora um potencial assassino? Isso simplesmente nega o estado de direito democrático. Quem tem que garantir a integridade da propriedade, da vida, dos valores, da família, é o Estado. Não pode terceirizar a obrigação do Estado de manter a propriedade privada”, afirmou.

O pré-candidato levantou, ainda, o debate sobre a superlotação das prisões. “O Brasil hoje tem 700 mil presos. A segunda maior população carcerária do mundo. A maior parte são jovens que foram presos em flagrante com pequeníssimas quantidades de drogas. E no dia que são condenados e entram na cadeia, são obrigados a entrar para uma facção criminosa. De aspirantes, se tornam criminosos de alta periculosidade. O caminho é esse?”, questionou.

Ciro afirmou, porém, que é contra a descriminalização do uso de drogas. “Isso não tem cabimento”, disse. Ciro destacou, ainda, que é católico e tem afinidade com diversas igrejas evangélicas e pentecostais, que são contra descriminalizar. “Não quero dispersá-los. Não sou candidato a guru de costumes. Sou candidato a presidente do Brasil”, disse.

Para não assumir lados nas questões polêmicas, ele prometeu fazer uma consulta popular nos primeiros seis meses de governo para definir um programa de segurança pública para reduzir os índices de criminalidade no Brasil. “É uma questão muito complexa. Muitos brasileiros são a favor da unificação das polícias; muitos são totalmente contra. O que eu pretendo fazer é trazer essa discussão para o poder central e resolver o problema”, disse.

Ednilson Aguiar/Olivre

Ciro Gomes

Questionado pela imprensa, Ciro analisou os possíveis adversários na disputa pelo Palácio do Planalto

Outros candidatos

Ciro Gomes afirmou, ainda, que espera que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – de quem foi aliado por muito tempo – não seja candidato a presidente em 2018. “Os analistas e políticos com quem converso acham que Lula vai ser condenado em segunda instância”, disse, citando a possibilidade de o petista ser ficha-suja até as eleições.

“Eu torço para que ele seja absolvido e perceba que a candidatura dele é um desserviço ao país. Ele divide o país em ódios e paixões agressivos, e impede que o Brasil se reconcilie e discuta seu futuro. Na melhor hipótese, ele ganhando, esse quadro de conflito ideológico apaixonado vai se projetar por muitos anos. Será que o país aguenta? É uma ponderação que me dói fazer, mas é o que penso”, analisou.

Ele classificou, ainda, as pré-candidatas Manuela D’Ávila (PC do B) e Marina Silva (REDE) como inexperientes. “Manoela é uma jovem de muito valor e talento. Mas um país complexo, no olho do furacão, deveria eleger alguém com vivência e experiência. Ter como primeira experiência se administração a presidência do país, nesta altura, não sei se seria bom”, disse. “Marina foi ministra, mas não teve experiência de governar o Acre ou ser prefeita de Rio Branco”, completou.

Por outro lado, ele afirmou que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem experiência de gestão, mas criticou a maneira dele de gerir. “Alckmin é experimentado e respeitável. Foi prefeito, foi governador. Mas não tem experiência nacional, nunca foi ministro, e não conhece o território brasileiro. É muito conservador e reacionário, em todos os aspectos”, disse.

Ciro, que já foi filiado ao PSDB, criticou a gestão tucana. “Há quatro anos o servidor público de São Paulo não recebe reajuste. No Ceará recebem todo ano pelo menos a reposição inflacionária”, afirmou. “Eles tentaram uma ação na cracolândia que foi um desastre. E o PSDB infelizmente é isso aí. Quem está por trás desse conjunto de investidas contra os mais pobres no Brasil é o PSDB”, declarou.

Ele afirmou, ainda, que a polêmica declaração que deu há alguns dias, de que o próximo pleito seria a “eleição da testosterona”, foi uma crítica. “Será uma eleição de agressividade, de ódio. A palavra testosterona é uma metáfora disso. Não estou falando de homem nem de mulher, mas da agressividade que há em todos os seres humanos. Eu condeno isso. Isso é muito ruim para o país. No meu governo em Fortaleza e no Ceará houve grande participação feminina.”

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