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Mandante de chacina de Colniza é sócio de madeireira

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Mandante de chacina de Colniza é sócio de madeireira

Divulgação/SESP

Colniza Suspeitos

 

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) divulgou nesta terça-feira (02) novos detalhes das investigações das nove mortes ocorridas na gleba Taquaruçu do Norte, distrito de Colniza (1.065 km de Cuiabá). Segundo o delegado da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) Marcelo Miranda, cinco homens estão envolvidos na ação, todos identificados, e dois estão presos. O mandante do crime seria um dos donos de uma madeireira da região. A Polícia Civil já expediu um mandado de prisão temporária e negocia a rendição do sócio da madeireira por meio de seu advogado. Por esta razão, não foi divulgado seu nome.

Nove pessoas foram encontradas mortas com tiros, golpes de facão e sinais de tortura no último dia 19 na gleba.

Outros dois suspeitos já foram presos: Pedro Ramos Nogueira, o “Doca”, 52 anos; E Paulo Neves Nogueira, sobrinho de Doca, 35 anos. Eles foram presos respectivamente no domingo e na segunda-feira no distrito de Guatá, também em Colniza, e no distrito de Tabajara em Machadinho D’Oeste (RO). O crime aconteceu em uma região próxima da fronteira com o Estado vizinho, e algumas das vítimas tem origem em Rondônia. O terceiro executor, que está foragido, é Ronaldo Dalmoneck, o “Sula”, de 33 anos. A polícia suspeita que ele tenha sido o responsável pela decapitação de algumas das vítimas.

Os três fazem parte do grupo identificado como “Encapuzados”, liderado pelo ex-policial militar de Rondônia Moisés Ferreira de Souza, conhecido como Moisés do COE (Comando de Operações Especiais). Ele está foragido de uma ação penal que responde junto com Ronaldo por roubo. A Polícia Civil suspeita de que ele tenha participação nos assassinatos em Colniza. O grupo é conhecido por praticar o que é chamado na região de “guachebagem” ou “pistolagem”, mas a polícia ainda não apurou quais foram os valores recebidos por eles pelas mortes dos moradores.

A motivação dos crimes, segundo o delegado da DHPP, foi a disputa pela extração de madeira e ouro na região, além da posse da terra. Os nove moradores da gleba mortos na ação dos pistoleiros realizavam atividade extrativista de maneira ilegal na área, sem o título de posse da terra.

Investigações
Cerca de 50 policiais fazem parte da força-tarefa montada na região, dos quais 20 participaram diretamente das duas prisões já efetuadas.

A polícia utilizou três frentes para chegar aos suspeitos. As primeiras informações partiram de depoimentos de testemunhas oculares, que o delegado ressaltou que não podem ser chamados de sobreviventes. “Quem eles encontraram, eles mataram”, disse. Mulheres e crianças também moravam na área, que agora está deserta, mas escaparam da ação dos criminosos devido a uma forte chuva que caiu na região um antes, deixando uma ponte interditada e impedindo que eles retornassem às suas casas.

Também foram colhidos elementos na cena do crime e houve um trabalho de Inteligência na identificação dos cinco envolvidos. “Eles possuíam apenas uma alcunha, e a inteligência trabalhou para identificar quem era de fato, para descobrir seus nomes completos”, afirmou o delegado. Com um dos dois suspeitos presos preventivamente foi encontrado um celular com ligações telefônicas feitas para outros envolvidos.

O inquérito inicial aponta que a área passa por conflitos por extração madeireira, extração de ouro e também de posse da terra. A Cooperativa Roosevelt possuía uma área de 42 mil hectares, que foram reduzidos a 15 mil hectares após o presidente da cooperativa vender parte da área a um fazendeiro da região e também posseiros tomarem parte da área. Uma faixa de mata continuou presente no meio da propriedade, de onde é feita a extração de madeira. A cooperativa mudou de nome para Taquaruçu, e o atual presidente reivindica parte da área anteriormente negociada com o fazendeiro.

A pesar da notícia de presença de ouro, os policiais não identificaram a existência de um garimpo propriamente dito na área.

Segundo o secretário de Segurança, Rogers Jarbas, o sistema de segurança do Estado não tinha meios para prevenir que a situação acontecesse na região. “Tínhamos somente dois inquéritos abertos na região, você tem por exemplo a cidade de Primavera do Leste onde o número é muito maior, mas não tem este tipo de ocorrência”, disse.

Ele citou também a distância entre a área onde aconteceram as mortes e o perímetro urbano e o acesso restrito como fatores que dificultaram a chegada de informações ao poder público e a apuração dos investigadores. “Você tem ali de 15 a 18km em que não se chega de carro. Tem um trecho em que é preciso pegar uma embarcação, andar um outro trecho carregando o barco, e descer novamente o rio em outro trecho”, afirmou o secretário.

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