O presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE), conselheiro Guilherme Maluf defende que o Governo do Estado instale um hospital de campanha em Cuiabá para atender pacientes com covid-19.
A proposta foi debatida durante live produzida pelo TCE na manhã desta quinta-feira (25), que contou com a participação do presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Eduardo Botelho (DEM) e do presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Neurilan Fraga. O conselheiro do TCE Luiz Henrique Lima também participou do encontro virtual.
“Infelizmente, nós vamos ter que pensar em um hospital de campanha na região metropolitana. A rede privada está superlotada, não tem mais como pegar leito em lugar nenhum. Infelizmente a doença está sendo mais forte”, disse Maluf, que é sócio de um hospital em Cuiabá.
Ao inaugurar a ampliação do Hospital Metropolitano de Várzea Grande, o governador Mauro Mendes afirmou que promoveu economia ao criar 30 leitos definitivos de UTI na unidade, ao invés de contratar um hospital de campanha.
Maluf aproveitou a ocasião para perguntar ao deputado Botelho se a ALMT apoiaria a criação de hospital de campanha no Estado.
Botelho afirmou que não é muito simpático à ideia, e afirmou acreditar que a melhor solução seria a descentralização dos leitos de UTI para covid da Capital e Região Metropolitana, e que o cenário ideal seria de instalação destas unidades no interior do Estado.
O deputado justificou que “não basta abrir UTI, porque o índice de mortalidade está sendo de 80% e isso é uma coisa absurda”.
Maluf rebateu afirmando que o problema está na falta de profissionais qualificados – principalmente no interior – e uma saída para esta situação – além de concentrar os leitos de UTI na Capital – seria a telemedicina.
“A telemedicina é a ferramenta tecnológica para melhorar a eficiência dessas UTIs”.
Saúde preventiva
Neurilan Fraga defendeu duas soluções – que segundo ele – seriam viáveis nos municípios do interior onde não há UTI, ou onde o SUS já está saturado.
“A primeira questão é saúde preventiva. Defendo que parte dos recursos públicos devem ser direcionados para a prevenção e auxílio nos municípios mais pequenos. Em Mato Grosso temos cerca de 50 municípios que receberam menos de R$ 10 mil do auxílio emergencial do Governo Federal”, relata.
Outra ação defendida por Neurilan é que o Estado forneça medicamentos aos municípios. “A AMM, que faz parte do comitê de acompanhamento da pandemia, já se dispôs a fazer um levantamento sobre a necessidade de cada município por medicamentos”, explica.
O presidente da AMM pontua que é favorável à distribuição de kits contra a covid-19, mas que a população não tome remédio sem prescrição médica.
Lockdown
Diante da polêmica decisão judicial que obrigou os municípios de Cuiabá e Várzea Grande a iniciar a quarentena forçada nesta quinta-feira e que, inicialmente, vai durar 15 dias, Neurilan avalia que não é suficiente apenas as duas cidades cumprirem as regras.
“Eu defendo que o lockdown seja regional e que os municípios do interior também cumpram as medidas”, afirma o presidente da AMM, em opinião parecida a do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro.
Por outro lado, Maluf chamou atenção para o fato de que não é “justo que toda a população pague [com quarentena]”, principalmente, nos municípios onde há baixa incidência de contágio por coronavírus.
Outra ponderação feita pelo conselheiro é que o Poder Judiciário não deve arrogar para si a prerrogativa de definir qual cidade deve cumprir a quarentena. Maluf aponta que cada município tem sua peculiaridade, e que uma decisão uniforme pode ser prejudicial à muitos municípios.