Nos últimos 100 anos, o ser humano reduziu a ingestão de plantas de aproximadamente 10 mil espécies para apenas 170. Os dados são de um estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.
Mas no Brasil, o Departamento de Biologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) quer reverter essa situação. Desde 2013, eles buscam incentivar o consumo de plantas alimentícias – muito usadas no passado – por meio do projeto Pancs (Plantas Alimentícias Não Convencionais).
“O pessoal foi perdendo o costume. O Pancs procura fazer o resgate de uma cultura popular que a gente tinha”, explica a professora do departamento, Odara Boscolo.
Segundo ela, a grande maioria dessas plantas é conhecida principalmente no interior do país. E as redes sociais foram as ferramentas encontradas pelos envolvidos no projeto para levar esse conhecimento também aos grandes centros.
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Flores e até “ervas daninhas”
De acordo com a professora, além das folhas, muitas flores podem ser comidas. Um exemplo bem conhecido dos brasileiros, mas só para produção de chá, é o hibisco. Acontece que suas pétalas também podem ser consumidas diretamente. Odara afirmar que são uma rica fonte de ferro.
Outra é a capuchinha, semelhante à flor da abóbora e da mesma família. Além de rica em vitamina C e sais minerais, apresenta propriedades diuréticas, purificantes, analgésicas, anti-glicêmicas e anti-hemorrágicas.
“A capuchinha tem aquele sabor azedinho, tipo trevinho, que é uma planta infestante, que as pessoas arrancam do vaso”, conta a professora.
E por falar em arrancar e jogar fora, a maria gorda (também conhecida como major gomes), “que nasce em qualquer terreno e é riquíssima em ferro”, de acordo com Odara é um caso de “erva daninha” que poderia muito bem estar em uma salada.
O mesmo caso da serralha, planta medicinal comestível que muita gente vê só como uma “praga” em jardins.
A um passo da sua mão
Odara Boscolo ressalta que, claro, você não deve sair por aí comendo qualquer planta, sem conhecer exatamente a espécie. Caso contrário, corre risco de intoxicação.
E, justamente, para evitar que isso ocorra, o Pancs idealizou um aplicativo. Nele, mais de 50 estudos acerca de espécies vegetais comestíveis estariam disponibilizados. Os usuários poderiam identificar as plantas através de foto e descrições, como formato de folha, cheiro, cor.
Mas a bolsa que pagaria a produção desse App – oferecida pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBIT) – não foi renovada.
Por isso, os envolvidos no Pancs devem realizar, ainda no primeiro semestre deste ano, evento com palestras, mini-cursos e oficinas de receitas veganas e cosméticos naturais. Tudo para tentar angariar recursos.
Por enquanto, você pode tirar dúvidas sobre o que deve ou não ingerir na página do grupo de pesquisadores do Pancs no Facebook ou no Instagram.
(Com informações da Agência Brasil)