Há alguns meses, no caminho de volta da escola, depois de conversarmos sobre amenidades, meu filho, de 14 anos, disparou:

“Mãe, você é uma feminazi?”.

“Femi o quê?”, fiquei meio sem jeito, mas meu filho já entende, há algum tempo, que a mãe não sabe tudo.

“É mulher que se acha melhor do que homem”, resumiu.

“Não, filho, não sou. Claro que não somos melhores do que homens”, não hesitei.

“Ufa!”, suspirou, aliviado.

Fui um pouco além e quis saber o por que da pergunta. Ele falou que a discussão apareceu durante a aula de Filosofia (olha aí, para quem acha que a matéria não agrega. Mas isso é outra história). Voltemos às feminazis.

Fiquei curiosa e me senti um pouco excluída. Será que estou ficando por fora das questões femininas? Fui pesquisar.

Pois o termo começou nos anos 90, com o comentarista norte-americano Rush Limbaugh. Para quem não sabe, ele é considerado de extrema direita até nos EUA. Pensem bem o que é isso: a favor da pena de morte, contra causas ambientais, contra o avanço dos negros e das mulheres na sociedade. Deu para imaginar o cara?

Querendo dar nome a um grupo de mulheres extremistas, o que ele fez? Criou uma expressão que une o nazismo com o movimento feminista. (De verdade, acho que Limbaugh tem a convicção de que toda feminista é uma feminazi. Ao dar um nome pejorativo ao grupo, apostava que denegriria todas as mulheres. Não conseguiu).

Sem querer fazer apologia ao termo (que Limbaugh, por sua vez, atribui a Thomas Hazlett, professor de economia da Universidade de Clemson, na Carolina do Sul), quero apenas falar um pouco desse pequeno grupo de mulheres, as feminazis. 

Para elas, o homem é o grande problema da sociedade e, a mulher, apenas um objeto. Daí, não usam sutiã, porque o consideram um símbolo de opressão, e não depilam as pernas, porque isso serviria apenas para ser atrativa para o sexo oposto – e esses são só alguns exemplos. Consideram a maioria dos elogios assédio sexual e dizem que, se uma mulher fizer sexo bêbada com um homem sóbrio, isto já pode ser considerado estupro.

Não entoo esse pensamento radical. Extremismos me assustam, porque acho que você acaba ficando surda para escutar o outro lado. Ainda há muito para ser conquistado pelas mulheres. E me considero apenas uma feminista.

Então, filho querido, pode ficar tranquilo: a mamãe não é uma feminazi. Nunca vou me considerar melhor do que você, um homem que mudou a minha vida e me ensina tanto, todos os dias. 

Assinatura Debora Nunes

 

 

 

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