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Mãe de menino autista acusa Sesc Arsenal de discriminação em show

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Mãe de menino autista acusa Sesc Arsenal de discriminação em show

Assessoria do Sesc Mato Grosso

Sesc Arsenal

A profissional liberal Andreia Schwarz Santos Silva registrou um boletim de ocorrência denunciando discriminação contra seu filho Davi, de cinco anos, durante um espetáculo no último sábado (22) no Sesc Arsenal, em Cuiabá. O garoto possui autismo e, segundo Andreia, uma funcionária do local pediu a ela que fizesse Davi parar de “atrapalhar” o andamento do show.

“Tem coisas para as quais que a gente não pode fechar o olho, tem mesmo que falar e colocar a cara”, disse, em entrevista ao LIVRE. “A sociedade precisa compreender, a gente não pode trancar ele em casa”, continuou.

Relato

Davi estava no teatro para um evento voltado ao público infantil acompanhado da mãe e do pai, Abraham. No início da apresentação, o garoto se dirigiu à frente do palco para acompanhar as músicas de perto e se sentou em uma cadeira vazia. Devido à condição que possui, Davi ficava pulando e mexendo as mãos, o que fez com que a funcionária pedisse à mãe que intervisse.

Arquivo pessoal

Davi Santos Silva

Andreia conta ter esperado o intervalo entre as músicas para então buscar o garoto e levá-lo ao lugar designado. Como ele continuou agitado, a mãe o tirou do teatro, sem qualquer manifestação contrária da funcionária.

Andreia afirma que, antes do início da apresentação, já havia avisado a funcionária sobre a condição de Davi e não houve qualquer pedido ou orientação com relação ao comportamento dentro do local.

O pai do garoto não foi avisado do ocorrido na hora e ainda continuou dentro do teatro acompanhando o espetáculo.

Em um post no Facebook, ele afirmou que as crianças que estavam presentes foram chamadas à frente do palco ao final do show, o que indicaria que o show era, sim, voltado ao público infantil.

“Não tinha como falar que uma criança estava atrapalhando”, disse a mãe.

Música ajuda no tratamento
Davi tem cinco anos de idade. Aos três, recebeu o diagnóstico de autismo. Ele conseguiu começar a falar apenas recentemente, depois de passar por diversos tratamentos como equoterapia, musicalização e sessões com uma fonoaudióloga.

“Ele falou ‘mãe’ no último Natal, pela primeira vez”, contou Andreia. “Ele aprendeu a contar a contar até cinco com música. Eu inventei uma música sem graça, sabe? Mas ele aprendeu”.

A mãe conta que Davi já participou de outros shows no Teatro Zulmira Canavarros sem que tivesse que passar por qualquer constrangimento.

Outro lado
Em nota, o Sesc Mato Grosso afirmou que o objetivo da funcionária foi de orientar a mãe do garoto com relação à circulação, o que traria riscos de acidentes. Segundo a nota, não era a intenção que ambos fossem retirados da apresentação. Veja a íntegra do comunicado:

“Em relação ao episódio ocorrido sábado (22) no teatro do Sesc Arsenal durante a apresentação de um espetáculo musical, informamos que o intuito da funcionária foi orientar a mãe, cujo filho estava brincando em áreas de circulação, dos riscos de acidente para uma criança.

A funcionária sabia que a criança é autista, conforme havia sido anunciado pela mãe antes da entrada no teatro, mas em nenhum momento foi vontade ou intenção que ambos se retirassem da apresentação. O Sesc se pauta por suas diretrizes, que englobam a busca pela acessibilidade, inclusão e diversidade cultural, recusando práticas discriminatórias.

Toda a programação das unidades em Mato Grosso e nos demais estados brasileiros é pensada em cumprir essas diretrizes e respeitar todas as pessoas, com o intuito de construir novos saberes pelo diálogo, cultura, educação, lazer, saúde, assistência e todos os modos democráticos de existências.

Fortalecendo a política de acolhimento do Sesc, comunicamos que promoveremos uma capacitação interna para os funcionários sobre o autismo e inclusões. Desta forma, continuaremos nos atualizando para melhor atender a nossa clientela, encontrando caminhos para uma boa convivência e gerando experiências culturais positivas que respeitem as diferenças.

O Sesc lamenta o ocorrido e pede desculpas à família pelo mal entendido gerado, uma vez que não houve intenção de nossa funcionária em discriminar ou chatear nenhum dos envolvidos.”

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