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Macaquinho, arara, cobra e até onça: saiba como acolher animais silvestres em sua casa

Muitos já estão no Centro de Triagem à espera de um novo lar!

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Macaquinho, arara, cobra e até onça: saiba como acolher animais silvestres em sua casa
No Centro de Triagem de Animais Silvestres há diversos macaquinhos à espera de um lar... (Foto de Ednilson Rodrigues/O Livre)

Já imaginou uma arara, coruja, macaquinho, cobra ou até uma onça sendo cuidados dentro do seu quintal? Isso é possível. Muitos bichinhos estão no Centro de Triagem de Animais Silvestres do Batalhão de Proteção Ambiental, justamente, à espera de um guardião.

Eles chegaram lá doentes, machucados e até mutilados. Chefe do Cetas, o tenente Edson Mendes Júnior explica que alguns foram domesticados demais, ao ponto de serem reduzidas suas chances de sobrevivência na natureza.

Há também os que vão precisar de condições especiais permanentemente, que podem ficar com a locomoção limitada por conta de maus tratos. É o caso de aves que tiveram as asas cortadas e já não podem voar.

“Fazemos de tudo para reinseri-los na natureza, mas nesses casos apontados, o melhor é que sejam acolhidos em residências”.

Estão disponíveis várias espécies de aves, répteis e mamíferos. Os periquitos, papagaios e araras, assim como macacos e cobras são os mais procurados.

Diferentes portes

“Além destes de pequeno porte, também são adotados tamanduás, porcos-queixada e veados. Ah! E onça também, mas, nesse caso, sempre fazemos de tudo para devolvê-las ao seu habitat natural, porque são o topo de cadeia [alimentar] e a presença delas representa um ambiente ecologicamente equilibrado”.

Enquanto não são adotados, o tamanduá e o porquinho do mato dividem espaço e comida (Foto: Ednilson Rodrigues/O Livre)

Mas se houver interesse e disponibilidade elas podem ganhar uma casa. “Só que dá um trabalho a mais, já que o espaço exigido e cuidados com a alimentação são de maiores proporções”.

Quem deseja ter em sua casa um animal silvestre precisa fazer solicitação à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), que atua em parceria com o Batalhão de Proteção Ambiental.

“A pessoa manifesta interesse e a solicitação passa por análise da Coordenação de Fauna da Sema. É importante dizer qual animal gostaria de adotar”.

Com essas informações em seu banco de dados, agentes da Sema verificam a disponibilidade de animais silvestres que são cuidados no Cetas. Então, a pessoa vai até lá para visitar o animal que corresponde ao perfil pretendido.

“Falamos sobre a responsabilidade que passam a ter, seja das exigências quanto ao espaço, que deve ser preparado para recebê-lo, seja com alimentação, seja com tratamento médico, se for o caso”.

Os macaquinhos estão na lista dos preferidos pelos candidatos a “lares adotivos” (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Preparativos

Para cada animal solicitado, a construção ou adequação de um recinto é diferenciada. Essa informação será dada quando os técnicos forem avaliar o local destinado aos bichos.

De acordo com informações da assessoria da Sema, Mato Grosso tem hoje 60 guardiões registrados, homologados e ativos. Outros 22 processos ainda aguardam vistoria para verificar se o local é adequado para receber a espécie pretendida.

Até 2019, 130 animais foram encaminhados para guarda provisória.

Um espaço montado para receber uma arara, periquito, papagaio ou coruja, por exemplo, deve ser de alvenaria, ter grade e dimensão de 3×3 metros, para eles que possam se locomover e voar.

Mas eles também podem ficar soltos no quintal.

Exuberantes araras que já se recuperaram estão à disposição para adoção (Foto: Ednilson Rodrigues/O Livre)

“É o dono quem vai decidir como lidar com o animal, mas é necessário que haja o local designado pelo fiscal da Sema, que vai avaliar se ele está dentro dos padrões exigidos. Depois de um tempo, esse local pode voltar a ser inspecionado”.

Crime ambiental

O chefe do Centro de Triagem ressalta que maus tratos e abandono de animal silvestre é crime.

“E de dois em dois anos é preciso renovar a guarda provisória e, certamente, o animal será periciado novamente”.

O processo de guarda provisória é resguardado pela Resolução n° 457/2013 do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que confere alguns termos para a guarda de animais silvestres, garantindo a integridade de cada espécie.

Para o tenente, é importante a divulgação do tema para ampliar o número de acolhimento. “Primeiro, porque quem tem animais em condições irregulares, pode buscar orientação para se enquadrar ou, se não tiver condições, entregá-los voluntariamente”, alerta.

No caso das onças, a luta para devolvê-las à natureza é mais intensa. Esse filhote de onça parda foi resgatado às margens da BR-070, em Cáceres (Foto: Reprodução)

Segundo ele, o crime de posse ilegal consta no artigo 29 da lei nº 9.605 de Crimes Ambientais e prevê pena de 6 meses a 1 ano de detenção, além de multa que pode chegar até R$ 5 mil, se o animal corre risco de extinção.

“Mas o que mais nos mobiliza em viabilizar a adoção é que este animal silvestre terá uma nova oportunidade. Vai ter melhores condições que o Centro de Triagem e, acima de tudo, vai receber um lar, uma família”.

Passo a passo para solicitar a guarda

Para se candidatarem à guarda, os requerentes devem protocolizar junto à Sema os seguintes documentos:

Requerimento Padrão SEMA, assinado e com firma reconhecida;
• Cópia autenticada do RG e do CPF;
• Cópia autenticada do comprovante de residência;
• Declaração de Custas assinado e com firma reconhecida.

Depois disso, técnicos da Secretaria analisam o perfil e retomam o contato para as próximas orientações.

Dá para requerer a guarda provisória via internet. No site da Sema, no menu superior, clique em “biodiversidade”, sublink “fauna e recursos pesqueiros” e, por fim, no link “guarda de animais silvestres” (clique aqui para ser direcionado).

No mesmo endereço, há informações mais detalhadas sobre o processo de solicitação de guarda provisória.

Renovação a cada dois anos

Após a guarda concedida, os responsáveis pelos animais ficam sujeitos a fiscalização conjunta dos órgãos ambientais. A guarda tem a durabilidade de dois anos, podendo ser renovada.

“Os guardiões podem optar pela espécie de preferência, observando inclusive, a capacidade e adaptação do seu recinto, mas não podem escolher o animal”, informa a assessoria da Sema.

Essa escolha deliberação é do corpo técnico da secretaria.

Para renovação é necessário um atestado médico-veterinário informando acerca da saúde do animal. O documento somente pode ser concedido para pessoas residentes em Mato Grosso.

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