Crises financeiras e/ou politicas, como a que estamos passando, predispõem os eleitores a buscar caminhos que podem atolar ainda mais a vaca no brejo.

Já aconteceu antes. O presidente Fernando Collor de triste lembrança, encarnava o oposto do então desgastado José Sarney e foi eleito por um partido insignificante, montado em um discurso de fácil digestão. Prometia caçar os “marajás” – funcionários do Estado que ganhavam altos salários com pouco esforço.

Collor não cumpriu o prometido e ainda, com sua desenfreada arrogância, ignorou o Congresso, que em troca lhe negou apoio, forçando a renúncia. Na época, havia uma predisposição geral da população contra os servidores públicos, estimulada por discursos eleitoreiros, como se eles fossem os únicos responsáveis pela crise do país.

Dizendo-se o salvador da pátria, Collor virou o herói do povo e elegeu-se presidente, derrotando o Lula, que anos depois, para nosso azar, ganhou o cargo de presidente.

Crises agudas geram reações indesejadas, buscando no oposto a solução que geralmente não está nos extremos.

Como estamos saindo de um fracassado governo de esquerda, o contraponto aparece na figura de um candidato que se proclama de direita, apresentando falsas soluções simples para problemas complexos. É o caso de Jair Bolsonaro com suas ideias simplórias, que estão seduzindo os eleitores. O seu discurso de combate à criminalidade por meios violentos, condenação dos homossexuais, exaltação da religião, fortalecimento do exército e das polícias entusiasma os eleitores.

Há ainda o caso, talvez mais sério, de tentativa de superação da generalizada corrupção que campeia no país, apostando em um membro do Judiciário para comandar o executivo. O ex-ministro Joaquim Barbosa, incensado por artistas e intelectuais, desponta como possível candidato nas próximas eleições.

Quem acompanhou as sessões do Supremo sob a presidência do Barbosa sabe da arrogância e impaciência deste ex-ministro. Ele não tem o menor jogo de cintura para enfrentar opiniões divergentes.

Imaginem o ex-ministro tendo que pedir apoio aos políticos. Seu temperamento autoritário, apurado nas lides da Justiça, por certo não conseguiria criar clima de cooperação com parlamentares, condição indispensável para governar.

Além de Bolsonaro e de Barbosa, se Lula conseguir empurrar sua condenação em 2ª instância, é um candidato com chances reais, a julgar pelas pesquisas de opinião.

As opções para 2018 não são boas: um réu quase condenado que já quebrou o país, um militar grotesco com ideias ultrapassadas e um ex-juiz destemperado e raivoso. Podemos ainda votar na Marina se quisermos transformar produtivos campos cultivados em imensas florestas sagradas e viver do extrativismo.

PS: O governador de MT acaba de sancionar a lei 10.551 que reconhece como esporte a prática do estilingue. Agora você pode transportar legalmente forquilha, bodoque ou estilingue, desde que comprove a inscrição em alguma liga ou federação e porte a necessária carteira oficial da entidade.

Lei de tamanha relevância desmente a percepção geral de que os deputados não valem o que ganham.

Assinatura Renato de Paiva

 

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