As empresas Verde Transportes Ltda e Viação Xavante Ltda, ambas envolvidas na Operação Rota Final que investigou fraudes no sistema de transporte intermunicipal, registraram aumentos nos lucros de 101% de 2012 a 2015.
O aumento nos lucros acompanhou também os sucessivos reajustes nas tarifas das passagens, que acumulou 60% de aumento no período que vai de 2010 a 2017. A passagem de ônibus intermunicipal que em 2010 custava R$ 37 para ir de Cuiabá a Rondonópolis hoje custa R$ 60.
Tanto a Verde quanto a Viação Xavante também obtiveram bons resultados no período, conforme análise do balanço comercial das empresas disponível na Junta Comercial. Em 2012, único ano em que a Verde Transportes registrou seus rendimentos na Junta Comercial de Mato Grosso, a empresa obteve lucro bruto de R$ 1,343 milhão e lucro líquido de R$ 66,2 mil. Um ano antes, a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos de Mato Grosso (Ager-MT) sofreu reajuste de 4%.
Em 2013, 2014 e 2015, a Viação Xavante registrou, respectivamente, lucro líquido de R$ 57,1 mil, R$ 67,2 mil e R$ 115,2 mil. O período foi marcado pelos maiores reajustes tarifários que foi de 6,2196 % em 2013 e 2015 e de 11,96% em 2015.
Fim da linha
O reajuste tarifário nos últimos anos foi solicitado pela Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros do Estado de Mato Grosso (Setromat), entidade que representa as empresas concessionárias. Em nenhuma das ocasiões a Ager indeferiu o pedido.
O sindicato está no centro das investigações da Operação Rota Final. O Ministério Público aponta que a entidade funcionava como coordenadora de um suposto cartel das empresas, que buscava principalmente burlar a nova licitação do setor, suspensa judicialmente mais de uma vez.
O objetivo, segundo as investigações, era impedir que novas empresas atuassem em Mato Grosso. Como é o caso da Viação Novo Horizonte Ltda, que venceu a licitação em 2012, mas teve contrato assinado somente em janeiro deste ano.
O proprietário da Viação Xavante, José Eduardo Pena e o proprietário da Verde Transportes, Éder Augusto Pinheiro, são dois dos principais empresários envolvidos. Éder e mais três pessoas teve prisão temporário cumprida no dia 25 de abril. O ex-presidente da Ager Eduardo Moura também foi alvo de busca e apreensão nesta data.
