Mato Grosso

Leitos de UTI em Mato Grosso podem se tornar insuficientes em cinco dias

A má distribuição é um dos problemas. No Leste do Estado, pacientes podem ter que percorrer até 700 quilômetros para achar uma vaga

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Leitos de UTI em Mato Grosso podem se tornar insuficientes em cinco dias

O colapso no sistema de saúde de Mato Grosso em função da pandemia de covid-19 já chegou a ser admitido pelo secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo. Agora, pesquisadores preveem que o número de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) se tornem insuficientes num prazo de cinco dias.

Feito por alunos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), o levantamento analisa a oferta e distribuição de leitos clínicos e de UTIs para atendimento aos casos de covid-19.

Pelas estimativas, se a velocidade com que vêm surgindo novos casos da doença não sofrer alterações, em poucos dias poderemos enfrentar o colapso, com a impossibilidade de atender adequadamente casos graves da doença“, afirmam os pesquisadores.

O boletim informativo da Secretaria de Estado de Saúde (SES) emitido nesta quinta-feira (25) já apontou uma taxa de ocupação perto dos 90%.

Em nota divulgada há poucos minutos, o governo de Mato Grosso informou que os hospitais já estão em situação crítica, começando a ocupar os leitos de retaguarda que, pela regra, deveriam ficar desocupados.

Estes leitos são “reservados” para pacientes que já estão internados nos leitos clínicos, para o caso de apresentarem piora e precisarem de um atendimento emergencial.

“A gestão estadual, em parceria com as prefeituras, trabalha na ampliação de novos leitos de UTI na Baixada Cuiabana e em todo o Estado, contudo, já tem dificuldades para encontrar profissionais capacitados, apesar de toda a publicidade dada aos editais de chamamento”, diz trecho da nota.

Conforme a pesquisa, cinco das seis macrorregiões de saúde de Mato Grosso já estavam com saturação na disponibilização de leitos desde 21 de junho. A única exceção é a macrorregião centro-norte, onde fica Cuiabá e Várzea Grande.

“Isso implica que a demanda não atendida nos hospitais de referência desses lugares, provavelmente, tem sido regulada por os hospitais da região de Cuiabá e Várzea Grande”, explicam.

Distribuição desigual

A distribuição desigual no número de leitos de UTI também é responsável pelo problema. Embora todas as macrorregiões possuam vagas para tratamento intensivo exclusivas para casos de covid-19, estes estão distribuídos em apenas 9 dos 141 municípios do Estado.

Na região Leste, por exemplo, a distância até um leito de UTI pode ser de quase 700 quilômetros.

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Para os pesquisadores, a flexibilização das medidas de distanciamento social contribui para a disseminação da doença, mantendo o número crescente de casos novos e óbitos.

As consequências, segundo eles, serão ainda mais devastadoras se os serviços de saúde não atenderem ao progressivo aumento da demanda.

De acordo com as projeções, se a taxa de contágio não for reduzida, até o final de julho, o número de casos de covid-19 que necessitarão de leitos de UTI será o dobro do número de leitos de UTI disponíveis.

Pesquisadores

Fizeram parte da pesquisa os professores Ana Paula Muraro e Lígia Regina de Oliveira, do Instituto de Saúde Coletiva (ISC); Emerson Soares dos Santos, do Departamento de Geografia; Moisés dos Santos Cecconello, do Departamento de Matemática; e Ruan Carlos Ramos da Silva, do IFMT.

O estudo completo pode ser acessado clicando aqui.

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