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Leilão Nelore Marmoreio movimentou mais de R$ 600 mil em Rondonópolis

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Leilão Nelore Marmoreio movimentou mais de R$ 600 mil em Rondonópolis
Foto: Assessoria

Com 50 machos reprodutores e 11 fêmeas à venda, por uma média de preço de R$ 12 mil cada, o 2º Leilão Nelore Marmoreio movimentou cerca de R$ 600 mil durante a 46ª Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial do Sul de Mato Grosso (Exposul) em Rondonópolis. Por possuir nível de marmoreio acima de 3.0, esses animais possuem valor agregado maior.

O evento foi realizado por dois pecuaristas, Marco Túlio Duarte Soares e Shiro Nishimura, que nos últimos 20 anos têm investido no melhoramento genético do rebanho nelore. Além do sabor característico inerente à raça, a proposta dos criadores é agregar à carne mais consumida do país o quesito maciez – a exemplo do angus – e assim acessar o nicho de mercado ‘gourmet’.

Mato Grosso possui um rebanho de aproximadamente 30,3 milhões de animais, do qual aproximadamente 90% nelore, o maior do Brasil. Apesar da grande quantidade e popularidade, Marco Túlio explica que por razões culturais pouco se pensou até o momento em agregar mais qualidade à carne, algo que outras raças vêm fazendo há 100 anos.

“Dando continuidade à inovação do Grupo Celeiro, em 2015 passamos a utilizar o processo de ultrassom que avalia a qualidade de carcaça. Com isso, descobrimos uma grande quantidade de animais nelore com grau de marmoreio (gordura entremeada no músculo da carne) acima de 3.0 (escala de 0 – 10), que são números equivalentes à carne angus (entre 3 e 3.5) e mesmo wagyu (4 a 6.0 no Brasil e 6 a 10 no Japão), por isso resolvemos investir na nova proposta”, afirma Marco Túlio.

Para o leilão marmoreio, que esteve em sua segunda edição na última quinta-feira (09), o produtor Shiro Nishimura explica que o objetivo foi disponibilizar ao mercado reprodutores e matrizes melhorados geneticamente e que serão multiplicadores também da característica ‘maciez’ em animais de corte. “Estamos levando ao mercado reprodutores que vão elevar o rebanho mato-grossense de ‘commodity’ para um status diferenciado, estamos rompendo barreiras”.

O presidente da Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT), Mario Candia, avalia como positivo o projeto marmoreio, que é apoiado pela associação e é bem visto pelos demais produtores. “Neste ano estamos intensificando parcerias para motivar o pecuarista a investir cada vez mais em melhorias tecnológicas que aliem sustentabilidade e rentabilidade”.

Foto: Assessoria

Pioneirismo

Referência no país por lançar uma linha de carne nelore com marmoreio e também integrar o Projeto Ação Verde, que adequa o empreendimento a uma série de ações sociais e ambientais, o Grupo Celeiro possui duas propriedades, uma em Rondonópolis e outra na cidade vizinha Pedra Preta, distantes cerca de 200 km da capital. Ao lado da primeira Marco Túlio Soares construiu uma indústria frigorífica cuja produção chega a 100 animais/dia, e é voltada à desossa e distribuição de linhas de carne própria (Celeiro) em lojas, supermercados e restaurantes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia, Acre e Amazonas. O abate é realizado por uma terceirizada.

Nascido e criado em meio às ideias visionárias do pai, que foi o primeiro produtor do estado a usar a técnica da inseminação artificial, ele, que hoje tem 48 anos, vem incrementando a criação nelore com novas técnicas, como o Programa Embrapa de Melhoramento Genético de Bovinos de Corte (Geneplus), em parceria com a Embrapa Gado de Corte, e o Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ), desenvolvido pela ABCZ.

Do rebanho de 2 mil cabeças, 700 vacas já são Puro Origem (PO), o objetivo é chegar a mil. Quando começou com o trabalho de ultrassom, há cerca de três anos, entre 3 a 5% dos animais apresentaram bons números de marmoreio, o que foi uma surpresa na época, já que no senso comum o gado nelore não apresentaria quesito maciez na carne. “De posse dos resultados, passamos a dar mais atenção e selecionar esses animais no cruzamento e reprodução, o que foi aperfeiçoado até chegar hoje a aproximadamente 35% do nosso rebanho com marmoreio”.

Outro pioneiro, Nishimura há 30 anos se dedica à criação de gado nelore na Fazenda Araponga, em Jaciara, também na região sul do estado, já obteve o resultado de 30% das suas vacas com quesito marmoreio. Paralelamente ele desenvolve também o Geneplus e o PMGZ. “Além das vantagens no rendimento de carcaça, adaptabilidade e precocidade, temos agregado novos conceitos à carne nelore, é um trabalho de ‘formiguinha’, mas que precisava ser iniciado”.

46ª Exposul

A Associação Nelore de Mato Grosso vem apoiando algumas ações durante a 46ª Exposul, entre os dias 06 e 11 de agosto, foram realizados, além do leilão marmoreio, um ‘julgamento a campo’ na quarta-feira (08.08), com a participação de 65 animais, de três produtores rurais. Os animais tinham idades entre 7 e 24 meses, a maioria machos, com até 40% de melhoramento genético.

Durante a feira agropecuária, no total, serão realizados sete leilões de gado nelore, para o ano de 2019, a proposta é finalizar o julgamento a campo com um ‘leilão dos melhores’. Conforme Adriano Castilho Soares, médico veterinário do Sindicato Rural de Rondonópolis e gestor da Genapec, para escolher a ‘elite nelore’, foram analisados critérios como morfologia, padrão racial, aprumo, inserção de umbigo e conformação de carcaça.

O julgamento a campo foi realizado no curral, sendo uma ação da ACNMT com apoio de todos os órgãos da pecuária envolvidos na Exposul. “Premiando os melhores estamos fomentando a cadeia da pecuária e da carne para que os pecuaristas invistam cada vez mais no melhoramento genético rebanho e assim avancem em qualidade e produtividade”.

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