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Justiça manda soltar coronéis suspeitos de vazamento

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Justiça manda soltar coronéis suspeitos de vazamento

Os coronéis da Polícia Militar Alexandre Corrêa Mendes e Victor Paulo Fortes obtiveram uma liminar na Justiça e foram libertados na noite de segunda-feira (26), após três dias de prisão administrativa militar.

Mendes e Fortes, que ocupavam respectivamente os cargos de corregedor e de diretor de Inteligência da PM, tiveram a prisão determinada na sexta-feira (23), sob suspeita de terem vazado informações sigilosas sobre o caso dos grampos ilegais.

O pedido de habeas corpus foi aceito pelo juiz Bruno D’Oliveira Marques, que disse considerar que os dois oficiais, afastados dos cargos, não poderiam mais interferir no andamento das investigações.

“Os pacientes não mais detêm cargos estratégicos na hierarquia da Polícia Militar, o que obsta eventual interferência na regular tramitação de inquéritos policiais militares ou ações penais militares, circunstância que, a toda evidência, faz cessar o motivo que autorizou o cerceamento da liberdade, tornando às prisões nessa quadra ilegal”, argumentou.

Grampos
Além de Mendes e Fortes, também foram presos na sexta-feira o chefe da Casa Militar, coronel Evandro Lesco, o secretário-adjunto, coronel Ronelson Jorge de Barros, o tenente coronel Januário Batista, que esteve por dez anos no Batalhão de Operações Especiais (Bope) e passou pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), e o cabo Euclides Luiz Toresan.

Há pouco mais de um mês, no dia 23 de maio, foram presos outros dois militares: o coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante geral da Polícia Militar, e o cabo Gerson Luiz Golveia Júnior.

Em depoimento colhido pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar (PM) no final de maio, a sargento Andrea Pereira de Mouro Cardoso, que foi apontada como um dos três militares que tiveram acesso a escutas ilegais, informou que um escritório no Centro de Cuiabá, equipado com telefones e computadores, teria sido montado a partir de articulações do coronel Siqueira Junior.

Compra de equipamentos
Na denúncia sobre os grampos ilegais feita pelo promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança Pública, aparece uma nota fiscal de pouco mais de R$ 20 mil em nome do coronel Lesco. A nota se refere a “módulo gsm” no valor de R$15,7 mil, utilizado para fazer gravações, e um “servidor de aplicação” no valor de R$ 8,5 mil, usado para armazenar escutas.

Embora esteja em nome do militar, o endereço que aparece na nota é “Avenida Historiador Rubens de Mendonça, 6135”, onde está localizado o Comando da Polícia Militar de Mato Grosso. A compra foi feita em uma loja de equipamentos de tecnologia em Cuiabá. Quando a reportagem foi publicada, o LIVRE procurou Lesco, mas ele não quis comentar o documento.

A investigação
O caso de interceptações telefônicas ilegais foi denunciado pelos promotores de Justiça Mauro Zaque e Fábio Galindo enquanto ambos respondiam pela pasta de Segurança Pública, em 2015. Os crimes vieram à tona no dia 11 de maio deste ano, quando uma reportagem do Fantástico esteve em Cuiabá realizando entrevistas sobre o caso.

No mesmo dia, o então secretário-chefe da Casa Civil e primo do governador, Paulo Taques, deixou o cargo – o telefone de uma mulher apontada como ex-amante dele aparece na lista de números grampeados. O governador diz que a denúncia apresentada por Zaque foi uma fraude.

Segundo a denúncia, uma investigação de tráfico de drogas em Cáceres foi usada para o esquema conhecido como “barriga de aluguel”: foram incluídos nas escutas os telefones de pessoas que não tinham ligação com os crimes. Números da deputada estadual Janaína Riva (PMDB), do ex-vereador Clovito Hugueney (falecido), do desembargador aposentado José Ferreira Leite, do jornalista José Marcondes “Muvuca”, do advogado eleitoral ligado ao PMDB José do Patrocínio, de médicos e de outros profissionais aparecem na lista.

Um telefone que pertencia a uma policial da inteligência do Grupo Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) também teria sido interceptado ilegalmente: à época, o MP investigava as operações Metástase, Chacal, Seven e Rêmora.

 

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