Judiciário

Justiça de MT destina R$ 730 mil do tráfico para projetos sociais

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Justiça de MT destina R$ 730 mil do tráfico para projetos sociais
(Foto: Ednilson Aguiar / arquivo / O Livre)

Com 98 pessoas matriculadas, de bebês de colo a idosos em idade avançada, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Poconé (cerca de 100 km de Cuiabá) é uma das quatro instituições escolhidas pelo Poder Judiciário de Mato Grosso para receber uma parcela de uma quantia em dinheiro apreendida em um inquérito policial relacionado ao crime de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

De acordo com o juiz Gerardo Humberto Alves Silva Júnior, convocado Corregedoria Geral de Justiça de Mato Grosso para atuar na primeira etapa do processo, a quantia apreendida, em valor atualizado, corresponde a aproximadamente R$ 730 mil.

Além da Apae, o projeto PM Mirim, a obra de reforma da cadeia pública e projetos de ressocialização de presos vão receber partes do valor. No caso da Apae, o carro onde o dinheiro foi apreendido também será doado.

“Escolhemos uma repartição desse dinheiro em quatro cotas iguais, para beneficiar com a maior cota a sociedade de Poconé, que foi a vítima do crime. Para cá destinamos três cotas. Uma outra será em benefício da sociedade mato-grossense, para a Faculdade de Direito da Universidade Federal [de Mato Grosso], que passa por um momento de contingenciamento. Esse valor será destinado à reestruturação física da faculdade e também para equipar o biblioteca e o centro acadêmico”, explica o magistrado.

Juiz Gerardo Humberto Alves Silva Júnior foi convocado pela Corregedoria Geral de Justiça de Mato Grosso para atuar na primeira etapa do processo (Foto: Assessoria / TJMT)

Apae Poconé

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Poconé vive uma situação financeira complicada. Muitos dos 12 funcionários estão com salários atrasados desde o começo do ano e os responsáveis pela instituição precisam sair “com o pires nas mãos” em busca de ajuda da comunidade para bancar despesas básicas, como alimentação das pessoas que recebem atendimento no local de segunda a sexta-feira.

São crianças e adultos com síndrome de Down, microcefalia, deficiências físicas e mentais diversas, doenças degenerativas, que dependem da instituição para atividades terapêuticas e recreativas. Segundo o presidente da Apae de Poconé, Allan Silva Campos Raffa, o dinheiro veio em boa hora e “vai cair do céu”.

“Nós todos da Apae somos gratos, como somos à população de Poconé, que sempre nos ajudou”, observou, destacando que as principais despesas da unidade são relacionadas ao pagamento de salário dos professores e profissionais da saúde.

“Ficar cinco meses sem receber é doído, é humilhante. Mas não vamos fechar, vamos lutar pelas crianças. Temos pessoas com 70 anos, aqui desde a fundação da Apae, assim como temos bebês de meses, que foram diagnosticados com microcefalia”, diz a coordenadora Almelina Carvalho.

De acordo com ela, o gasto mensal para manutenção da unidade é na ordem de R$ 15 mil.

PM Mirim

Há três anos, um projeto social implantado em parceria entre a Polícia Militar e a Sociedade Organizada Amigos de Poconé (SOAP) tem proporcionado a crianças e adolescentes oportunidade de convívio social, com melhorias no ambiente escolar e familiar. Trata-se do projeto PM Mirim, que começou com 65 crianças e hoje atende 86 menores de 8 a 13 anos, em sua maioria absoluta alunos de baixa renda e que estudam em escolas públicas.

“Poconé vinha passando, no início do nosso projeto, por uma série de problemas no tocante à criminalidade. Houve uma parceria entre a Polícia Militar e a SOAP na busca, justamente, de tentar fazer alguma coisa pela população e um viés encontrado foi esse: começar a plantar essa semente da busca do bem social através das crianças”, afirma o tenente-coronel PM Hender Ulisses da Silva, responsável pela Companhia Independente de Polícia Militar de Poconé.

Ele explica que o projeto é 100% auxiliado por populares através de doações e também do voluntariado. Com o dinheiro doado pelo Poder Judiciário, o PM afirma que devem ser compradas fardas e dado o primeiro passo para a construção de uma sede própria para o projeto, que hoje funciona em um salão paroquial, ao lado do quartel.

O projeto oferece atividades todas as terça, quartas e quintas-feiras no contra-turno da escola (das 8h às 11h ou das 14h às 17h). Nos primeiros cinco meses, as atividades são realizadas pela PM e as crianças aprendem a importância da disciplina.

“Elas hasteiam a bandeira, aprendem a cantar o Hino Nacional e o Hino da Polícia Militar. Depois, têm aulas de música, teatro, esforço escolar e ensino religioso. Tudo feito por meio de trabalho voluntário”, acrescenta o tenente-coronel, segundo quem há uma fila de espera para participar da iniciativa.

(Com assessoria)

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