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Juliana Chiquito: a paixão por servir e a missão policial 24 horas

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Juliana Chiquito: a paixão por servir e a missão policial 24 horas
Foto: Karina Cabral/ O Livre

Apaixonada por servir ao próximo, exemplo de mãe e também de servidora pública, Juliana Chiquito Palhares decidiu que seria delegada ainda na faculdade. Trabalhando ao menos seis horas por dia e cumprindo 24 horas de plantão uma vez por semana – sem nenhum dia de folga-, a delegada, que realmente ama o que faz, é um exemplo de boa profissional, humanidade e, acima de tudo, mulher.

“O verdadeiro policial, se precisar ficar 24 horas virado em uma missão, ele vai ficar. Por isso eu falo que é missão. Se você quer ser um funcionário público que entra, bate o cartão e vai embora, não preste concurso para a polícia, seja civil, militar, PRF ou Federal. Nossa profissão é missão de vida mesmo”, diz.

Aos 39 anos e prestes a completar 11 anos como delegada (na próxima sexta-feira, 30), ela afirmou estar na melhor fase da vida. Persistente, otimista, feliz, religiosa e constantemente tentando ver o lado bom das coisas, ela busca sempre estar próxima das pessoas com quem trabalha.

Para ela, o segredo de um bom policial é ter “tesão naquilo que faz, ir para a delegacia e fazer as coisas com vontade”, afinal, “policial não tem ponto, por isso a gente sofre quando não é reconhecido por toda essa dedicação”, afirmou.

O LIVRE acompanhou a delegada em seu último dia de trabalho antes das merecidas férias, iniciadas na última sexta-feira (23), e viu de perto que ser delegada de polícia por si só já não é nada fácil, mas ser da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa é, sem dúvida, uma missão.

História na PJC

Ainda na faculdade, Juliana se apaixonou pelo direito penal e constitucional e desde o início soube que seguiria por esse caminho. Só ainda não tinha escolhido se pelo lado da polícia ou do Ministério Público.

Mas não demorou a percebeu sua aptidão para a carreira policial, mais especificamente para a Polícia Civil, onde, conforme ela descreveu, o contato com a sociedade é muito mais próximo do que na Federal.

“A Civil é uma polícia de proximidade com a comunidade, a porta está aberta, eu atendo o caso do vizinho que briga com o outro, do marido que briga com a mulher, do homicídio, do traficante, do furto, é uma relação de proximidade. E eu sempre gostei de lidar com pessoas, de conversar, de atender, de servir. E eu penso que acertei”.

Natural de Bauru (SP), ela veio para Mato Grosso depois de passar no concurso. Tomou posse no dia 30 de março de 2007. Desde o início teve o apoio dos pais, inclusive tinha no pai um grande fã, que guardava cada matéria em que ela dava entrevista.

“Na época tinha vários jornais; eu comprava e mandava para ele em Bauru. Depois que ele faleceu a gente viu que ele guardava tudo”, contou. “Ele sempre me incentivou bastante, nunca falou ‘não, filha, não é para mulher’, pelo contrário, dizia: ‘vai fazer sua vida, fazer seu nome’”.

Falecido no ano passado, o pai conseguiu acompanhar as conquistas da delegada Juliana, que vem, aos poucos, realmente “fazendo seu nome”.

Em sua primeira lotação, ela ficou em Várzea Grande, onde atualmente funciona a 3º Delegacia de Polícia, à época Cisc Leste. Lá trabalhou em uma sessão de atendimento à mulher e ao idoso – e depois no plantão.

Depois, quando a Delegacia da Mulher de Várzea Grande foi reinaugurada, ficou alguns anos por lá. Até que veio para Cuiabá, em uma passagem rápida pela Delegacia de Roubos e Furtos, à época também recém-reinaugurada, no antigo Cisc Verdão. Na sequência ficou por seis meses no plantão da Central de Flagrantes, onde disse ter aprendido bastante, principalmente sobre a necessidade de ter um raciocínio rápido.

“Ali [Central de Flagrantes] é uma escola realmente, mas é bem sacrificante. Eu fiquei seis meses só e pedi para sair porque realmente eu não estava aguentando aquela rotina de perder o sono. Isso não estava me fazendo bem, eu não estava feliz”, contou.

Saindo da Central, Juliana foi para a Delegacia de Repressão a Entorpecentes, período que ela classifica como “maravilhoso”. Lidou com o tráfico de drogas e com organizações criminosas, inclusive na região do Pantanal Mato-grossense.

“Tive a oportunidade de conhecer o Pantanal, o tráfico que existe naquela região, os arremessos de drogas por aeronaves, o quanto isso é perigoso, o quanto que o nosso Estado tem a melhorar na questão do tráfico de drogas na fronteira e a facilidade com que a droga entra em nosso país”, lembrou.

Pós DRE, ela ficou três meses em Brasília, na Secretaria Nacional de Segurança Pública, trabalhando junto à inteligência da Senasp, onde pôde conhecer um lado mais estratégico e político da Segurança Pública.

De Brasília foi direto para a Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso, também trabalhar na parte da inteligência.

“Aprendi bastante. Enquanto delegada de uma delegacia especificamente, sua visão é muito fechada à sua atividade. Quando você vai para uma secretaria, abre a sua visão, tem um outro olhar sobre o fenômeno, então você passa a enxergar mais e conhecer coisas que você não conhecia”, disse.

Da Sesp Juliana foi designada, em 2015, para a Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa, onde atua. O LIVRE acompanhou o trabalho da delegada por um dia e te apresenta um pouco de sua  rotina:

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DHPP

Um delegado é a pessoa responsável por apurar as infrações penais, descobrindo a autoria, a motivação e as circunstâncias dos crimes através de investigações, que Juliana chama de “atividade repressiva da Segurança Pública”.

Esse é o trabalho dos delegados operacionais, mas ainda há os gestores, que são os titulares, que controlam o efetivo, os equipamentos, o que a unidade precisa. E há ainda o nível estratégico, que são os delegados de diretoria, que cuidam dos meios para que os delegados operacionais consigam exercer a atividade sem faltar elementos básicos, como papel, gasolina e viaturas.

A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em que a delegada Juliana está lotada, conta com um grupo operacional com seis delegados – três mulheres e três homens -, que se revezam nos plantões e atendem ocorrências de Cuiabá, Várzea Grande, Nossa Senhora da Guia e Livramento.

Como o próprio nome já diz, a delegacia atende aos homicídios, que são as mortes violentas, mas também aos suicídios, afogamentos e mortes naturais em que o corpo já está há algum tempo em decomposição (assim como os do dia que acompanhamos a delegada). Nesses últimos três casos, é para garantir que realmente tenha sido esse o motivo e não uma morte violenta, através de exames, análise do local da morte e, se necessário, depoimentos.

Além disso, a DHPP também tem um núcleo de pessoas desaparecidas, comandado pela delegada Silvia Virgínea, que possui um efetivo reduzido. E um cartório especial, que cuida dos inquéritos do ano de 2010 para trás, para que os delegados operacionais não fiquem sobrecarregados – muito embora Juliana Chiquito tenha cerca de 160 inquéritos para cuidar, atualmente.

Por fim, a delegacia ainda conta com um núcleo de inteligência, extremamente importante na atividade investigativa de homicídios e de pessoas desaparecidas.

Cada delegado plantonista fica responsável pela investigação do caso que atende no dia de seu plantão. Uma metodologia que, segundo a delegada, tem funcionado muito bem, visto que “o local diz muito, a vítima diz muito, as lesões que ela apresenta, a forma como ela está”, disse.

Além disso, quando uma testemunha diz algo que supostamente estaria no local, o delegado e os investigadores que foram até lá no dia do crime saberão dizer se é verdade.

“É uma rotina que exige, mas é uma metodologia exitosa. A DHPP de Cuiabá tem um dos mais altos índices de resolutividade de inquéritos do Brasil. Inquérito com autoria e motivação definida”, afirmou Juliana.

Investigação

O processo de investigação, como dito acima, começa no local. Ali a equipe já consegue saber, na maioria das vezes, quem era a vítima, com quem ela andava, se tinha passagem criminal, dado que algumas vezes os familiares estão presentes. É a chamada “investigação preliminar”.

Depois a equipe retorna para a delegacia e faz o processo burocrático (baixa portaria e formaliza o inquérito), formando hipóteses a serem trabalhadas, uma espécie de quebra-cabeças.

Por fim acontecem as perícias, testemunhas e familiares são ouvidos, a comunidade participa através de denúncias e a investigação vai se formando. Enquanto o relatório é elaborado, o delegado pode pedir à Justiça uma prisão, uma interceptação telefônica, quebra de sigilo, ferramentas que vão auxiliar a chegar na autoria, na motivação e nas circunstâncias do crime.

“A gente nunca parte do criminoso para o crime: a gente parte do crime para o criminoso. Antigamente, muitas vezes pegava um criminoso que todo mundo sabia que era ladrão, por exemplo, forçava e aí você descobria quem era o autor. Hoje não é mais admitido. Hoje você parte do crime para achar o criminoso”, disse Juliana.

Depois da prisão, o delegado formaliza o inquérito e envia para o titular da ação penal, que é o Ministério Público. O promotor lerá e, se achar que a investigação está suficiente, oferece a denúncia ao juiz para que seja iniciada a ação penal.

Mulheres na equipe

A equipe da delegada Juliana conta com uma investigadora e uma escrivã, o que, para ela, é indispensável. Ela acredita que ter uma equipe mista dá uma visão melhor do crime, exatamente pela forma como cada um vai ver o fato, a vítima e as testemunhas.

“Eu acho que a mulher, para determinadas situações, tem uma empatia com a situação, consegue ser mais sensível, enxergar algum detalhe, perguntar coisas que não passariam pela cabeça de um homem, ou criar uma empatia com a pessoa que está sendo ouvida”, disse.

Ela fez questão de frisar que não é como se os homens não pudessem ser sensíveis, mas em alguns casos a vítima pode se sentir mais confortável com pessoas do mesmo sexo. Assim como há visões que somente o homem teria.

“A diferença que existe entre eles me dá um todo muito mais coeso. Não sou eu, é a minha equipe; o delegado não faz nada sozinho, a Polícia Civil é composta de equipe e isso tem que ficar muito claro”.

Preparação x Execução

Quando se prepara para um plantão, especialmente na DHPP, a delegada Juliana já sabe o que a espera e, por isso, leva todo equipamento necessário: vai devidamente uniformizada, armada de forma extensiva e, se o caso não for de morte natural, ou suicídio, ela também utiliza colete balístico. Sempre com muita atenção ao que está fazendo.

Já em uma operação, a preparação é muito mais profunda, visto que pode durar semanas, ou até meses para que o alvo seja localizado, sendo monitorado. Ainda cabe ao delegado verificar o tempo, se as equipes são suficientes e planejar cada passo para obter êxito.

Durante a operação, o papel do delegado é coordenar e dirigir a ação dos policiais para que tudo saia de acordo com a lei e com o planejado. No início de março, por exemplo, Juliana coordenou a operação MAAT, cujo alvo foram assassinos de mulheres.

A operação foi fruto da investigação de seis casos de feminicídios em Mato Grosso, sendo que em dois os acusados se mataram após o crime.

Feminicídio

A morte de mulheres por serem mulheres tem sido frequentes em Mato Grosso, o que entristece Juliana. São crimes geralmente cruéis, em que as mulheres chegam a ficar desfiguradas e, algumas vezes, são também violentadas sexualmente.

“Isso demonstra o quanto a nossa sociedade precisa evoluir no sentido da igualdade entre homem e mulher; é notório que há uma diferença, nossa sociedade é machista, é patriarcal, nós vemos isso, a mulher muitas vezes é tida como propriedade”, protestou a delegada.

Ela afirmou que a sociedade está começando a ter conhecimento da dimensão da violência doméstica, que faz com que não só a mulher seja vítima, mas a família, visto que filhos que veem seus pais agredindo a esposa e as filhas podem acabar reproduzindo esse comportamento.

Juliana acredita que os casos de violência contra a mulher têm um ciclo comum, em que há a briga, o perdão, a crença na recuperação e o retorno da violência, até chegar à morte.

“Nós precisamos romper esse ciclo. O feminicídio é o ápice dessa violência, seja doméstica, seja o menosprezo à condição de mulher. E é muito triste ver o número crescente de feminicídio em nossa sociedade”, lamentou.

Juliana Palhares acredita que a alteração legislativa de 2015, que trouxe a definição “feminicídio”, foi muito importante para trazer visibilidade ao fenômeno. Para ela, com a separação é possível dimensionar o problema e poder enfrentá-lo.

Apesar disso, ela criticou do fato que mesmo estando tipificado no código penal, ainda não haja uma estatística confiável de feminicídio.

“Não é uma situação pontual de Cuiabá, é uma questão de Brasil, de cultura. Nós precisamos de outros mecanismos de controle desses fenômenos, se os homicídios decorrem de violência doméstica, nós precisamos estudar mecanismos de prevenção. E isso não se dá somente com o cárcere, isso se dá com políticas públicas de tratamento também”, disse.

Desde 2017 a Secretaria de Estado de Segurança Pública abriu uma câmara temática, com reuniões mensais e ou bimestrais para discutir o índice e políticas públicas. A primeira solicitação da câmara, que conta com a participação de pessoas que trabalham diretamente com a violência contra a mulher, foi a busca por uma estatística concreta de feminicídos em Mato Grosso.

“Isso para que a gente saiba mensurar, porque o que você não conhece, você não sabe atacar, não sabe planejar. A gente não pode mais trabalhar de uma forma amadora, a gente tem que trabalhar de uma forma coordenada, inteligente. Essa câmara temática está discutindo não só o feminicídio, mas a violência doméstica como um todo, tudo que aflige a mulher na sociedade de Mato Grosso”.

Ela acredita que esse é o caminho para encontrar uma solução, discutir com quem está lidando com o fenômeno em todos os aspectos, visto que a sociedade ainda é um ambiente favoravelmente masculino.

A delegada citou a própria polícia como exemplo, que sempre foi um ambiente masculino, mas hoje as mulheres vêm ganhando espaço.

“A Polícia Civil de Mato Grosso tem muitas mulheres. E não é uma posição de competição, de quem é melhor; somos todos iguais, somos capazes e precisamos uns dos outros. Assim como temos os vários perfis, operacional, burocrata, doutrinário e prático, a gente precisa de todos as visões”, disse.

Ela contou que diretamente nunca chegou a sofrer discriminação dentro da Polícia somente por ser mulher e acredita que isso se deve ao fato de que, no passado, outras mulheres abriram caminho para que os dias de hoje chegassem.

Na DHPP, por exemplo, dos seis delegados, três são mulheres, que jamais sofreram qualquer distinção, ou foram retiradas de casos, ou ações, por serem mulheres. A única coisa que ela já passou foram as “cantadas de mal gosto”, como às vezes em que pedem para ser presos por ela.

“’Ah, se for para ser preso por essa delegada eu vou’, sabe umas questões assim? Esses gracejos? Isso é falta de respeito. Isso não é elogio. Não me elogie por isso, me elogie pela minha competência, me elogie por ser uma boa profissional, deixe que o meu marido me elogie pela minha beleza. Mas enquanto delegada de polícia me enxergue como uma profissional e não como uma mulher bonita, ou feia”, bradou.

Estrutura da PJC

As estruturas das delegacias, criticada pela delegada Jannira Laranjeira, da Delegacia de Roubos e Furtos de Várzea Grande, em entrevista ao LIVRE em um especial do mês da mulher, também foram reprovadas por Juliana Chiquito.

Muitas delegacias não estão preparadas para receber mulheres, não possuem nem mesmo banheiros femininos. Mas Juliana foi além e disse que é mais do que uma falha estrutural que atinge somente as mulheres, visto que o prédio da DHPP, por exemplo, também não tem acessibilidade.

“Como é que eu vou ouvir um cadeirante? Eu tenho que pedir lá na Decon, ou aqui no BO para ouvir, porque não tem elevador, são escadas íngremes e compridas. Quando as nossas escrivãs, ou delegadas, ficaram grávidas, já no oitavo mês, subir essas escadas era bem difícil. São condições às vezes que nos atrapalham um pouco. Não só em relação à mulher, mas a toda comunidade”, afirmou.

Preparação psicológica

Quando optou em ser delegada, Juliana sabia que lidaria com uma diversidade de crimes, mas foi somente em 2015 que passou a lidar com homicídios. Desde então, faz o possível para não ficar impactada com as situações que encontra.

Claro que crimes violentos a acabam atingindo, mas ela vem aprendendo a lidar de forma racional e profissional. O tipo de ocorrência que mais a atinge é o suicídio, que a faz se sentir vulnerável e fragilizada.

“A dor é igual, mas a dor da perda de um filho de 15 anos, por exemplo, em decorrência de suicídio, é a algo desolador para qualquer um que está ali naquele local”, disse.

Dentre os casos que mais a marcaram, está uma violência sexual contra uma criança de 1 ano e 11 meses, que foi abusada sexualmente e teve as partes íntimas queimadas pelo padrasto, que tentava disfarçar a violência. O caso aconteceu em 2009 e, infelizmente, anos depois a criança morreu.

“Foi um caso que nos chocou bastante, tanto o padrasto, quanto a mãe, foram condenados pela tentativa de homicídio, estupro de vulnerável e outros crimes decorrentes da investigação. A mãe foi conivente com tudo, ela via e nada fez. Então a omissão dela foi totalmente relevante para o resultado”, lembrou.

O outro, um suicídio de uma adolescente de 15 anos que se matou dentro de casa. A partir desse caso Juliana passou a cuidar de sua saúde psíquica.

“Esse suicídio, um caso aqui da DHPP, me fez acordar no sentido de me cuidar; não posso me deixar abalar tanto com essas ocorrências. A gente vai se fortificando também na religião que cada um tem, fazendo sua oração, pedindo a Deus ajuda nesse sentido”, contou.

Ela busca válvulas de escape para as cenas violentas. Uma delas é a atividade física. Corredora, ela ama viajar para participar de corridas e canalizar as sensações negativas em coisas positivas, para não se contaminar com os crimes com os quais lida.

Católica, muito religiosa e ligada à energia das coisas e pessoas, ela completa essa preparação com a fé. Em casos em que não está encontrando uma solução, pede ajuda a Deus e até “para a vítima”.

“E, por incrível que pareça, aparece uma informação, vem uma denúncia. Eu acredito muito nessa questão de energia. Eu peço ajuda até para a vítima, falo: ‘olha, me ajuda para eu tentar desvendar e fazer a justiça aqui na terra’”, contou.

A preparação física também é levada muito a sério pela delegada. Portadora de uma doença autoimune e psicossomática, o vitiligo, ela busca manter atividades físicas, alimentar-se bem e cuidar da sua saúde, visto que o estresse acelera o processo da doença.

Frustração

Apaixonada pelo que faz – amor facilmente percebido -, a delegada Juliana Chiquito Palhares se frustra com poucas coisas dentro de seu universo de trabalho. Para ela a parte mais difícil é chegar na delegacia, ver tantos inquéritos e não dar conta de movimentar todos.

“Ler, ler, ler e não conseguir achar uma saída. ‘Meus Deus, se isso tivesse sido feito antes, talvez tivesse tido um êxito melhor’. Não é desídia, é falta de estrutura. É humanamente impossível você dar conta de tudo numa forma excelente como merecia ser”, lamentou.

Foto: Karina Cabral/ O Livre

Outro fato que a atinge é o excesso de burocracia, que a impede de conseguir fazer coisas urgentes. Ela afirmou que entende que a burocracia é uma forma e controle, mas se sente frustrada pelo excesso e pela demora.

“Porque nós, a polícia, trabalhamos com o princípio da oportunidade. Então, por vezes eu preciso pedir uma prisão urgente e preciso para hoje, não estou falando especificamente da Delegacia de Homicídios, e aí você não consegue hoje e o amanhã para mim já ficou tarde”, disse.

“Já o crime não tem esses mesmos rigores. Ele não precisa de mandado, o criminoso não precisa de protocolo, de carimbo”, completou.

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