“As prisões se deram pela periculosidade da organização criminosa como um todo”. O argumento é juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, para explicar o seu pedido de prisão contra o advogado Francisco Faiad e de outros suspeitos de integrar um esquema de desvios de dinheiro público, investigados nas cinco fases da Operação Sodoma.
“Quando se estuda organização criminosa, a gente fala das ações cometidas debaixo dos panos, com uso de influência política, financeira e etc”, justificou a magistrada. Segundo ela, o grupo ameaçou um dos colaboradores. Esta denúncia está em fase de investigação para saber a autoria entre os membros da suposta quadrilha.
Conforme a juíza, o colaborador recebeu a seguinte ameaça: “olha se você abrir o bico o seu filho pode sofrer com isso”. “É uma ameaça muito séria, não estou dizendo se foi A ou B que fez esta ameaça porque ela não está esclarecida com relação a autoria. Foi um motoqueiro que disse isso a mando desta organização criminosas. As pessoas principais, na visão do juízo, são todas periculosas”, apontou a juíza em entrevista à rádio Capital.
Ela reforçou que a decisão de mandar prender tem como base as provas colhidas no auto pelas autoridades policiais e ratificadas pelo Ministério Público. “O Juízo avalia se as provas são suficientes, se existe ou não periculosidade, se pode ou não atentar contra o processo e, a partir disso, a gente decreta uma prisão ou medida cautelar”, diz.
“A corrupção não começou no governo passado, é histórica, é endêmica. Só posso fazer dentro da minha competência. A lei proíbe a juíza pedir prisão da sua cabeça”, contextualizou.
Faiad foi preso na terça-feira (14), na quinta fase da Operação Sodoma, desencadeada pela Delegacia Fazendária da Polícia Civil, que apura um esquema de desvio de verbas públicas na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), preso desde setembro de 2015. A prisão do advogado foi revogada na segunda-feira (20) pelo desembargador Pedro Sakamoto.