Assessoria

Reunião sobre os grampos

O desembargador Rui Ramos e os deputados Zeca Viana e Janaina Riva

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso fará uma devassa nas comarcas de todo o Estado para tentar identificar grampos ilegais que tenham sido autorizados por juízes por meio do esquema de “barriga de aluguel” – quando números de telefones de pessoas comuns, sem qualquer ligação com a investigação, são colocados num pedido de quebra de sigilo à Justiça.

O presidente do TJ, o desembargador Rui Ramos, anunciou a medida durante reunião com deputados de oposição na manhã desta terça-feira, 16. Entre os presentes, estava Janaina Riva (PMDB), uma das vítimas dos grampos ilegais. A medida do TJ é consequência do escândalo dos grampos que estourou na semana passada, quando veio à tona que políticos, advogados, jornalistas e empresários foram grampeados ilegalmente entre 2014 e 2015.

“Fiz um ofício para cada juiz pedindo que informem, no período de 2014 até hoje, quantos monitoramentos telefônicos pediram ou receberam”, informou Rui Ramos. “É o único modo de descobrir”, explicou.

O desembargador disse estar convicto de que o esquema não foi realizado em um único processo, por isso, determinou o pente-fino. “A senhora perguntou se foram um só ou foram vários? Tenho absoluta certeza que deve ter vários. Minha opinião pessoal”, disse, dirigindo-se a Janaina. Também participaram da reunião os deputados Zeca Viana (PDT), Valdir Barranco (PT), Allan Kardec (PT) e Silvano Amaral (PMDB).

Para o presidente do TJ, o estrago já foi feito depois que as primeiras notícias de grampos vieram à tona, e uma investigação mais ampla, que identifique novas escutas ilegais, não vai piorar a situação. “A senhora disse que tomaria uma proporção muito grande [se novas escutas forem descobertas], mas eu discordo. Já fez um estrago pontual sem tamanho. Não precisa ser um estrago sistêmico. É uma violência”, afirmou Ramos.

Paralelamente ao levantamento que o presidente está fazendo, a corregedoria do TJ abriu investigação sobre o caso e vai analisar também a atuação do juiz Jorge Alexandre Ferreira, autor da decisão que autorizou as escutas para investigar tráfico de drogas em Cáceres e que acabou envolvendo Janaina Riva, o advogado eleitoral ligado ao PMDB José do Patrocínio, o ex-vereador Clovito Hugueney (falecido), o jornalista José Marcondes “Muvuca”, o desembargador aposentado José Ferreira Leite e até mesmo a uma ex-amante do ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques. Confira a lista divulgada pelo LIVRE. 

O caso foi denunciado pelos promotores Mauro Zaque e Fábio Galindo, que à época eram secretário e adjunto da pasta de Segurança Pública do governo estadual, respectivamente. Zaque afirma ter avisado o governador Pedro Taques (PSDB), por diversas vezes, sobre os grampos. O governador afirmou que denúncias verbais eram “fofoca” e que a documentação com a denúncia nunca chegou às suas mãos.

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