A deputada estadual Janaina Riva (MDB) criticou a Caravana da Transformação e tachou o programa realizado pelo governador Pedro Taques (PSDB) de “circo”. Ela criticou ainda o fato de os outros candidatos ao governo prometerem manter o programa, ainda que com novos formatos. A Caravana foi alvo de operação na segunda-feira (3).
“É uma pena que os candidatos ao governo queiram manter esse programa. Temos hospitais regionais passando dificuldades. O governador entra na Caravana dançando rasqueado, enquanto comissionados ganham diárias e batem palmas. É um circo embaixo de uma lona. Até pingar colírio era contado como procedimento”, disparou a parlamentar na tribuna da Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (4).
Alvo da Operação Catarata, deflagrada na segunda-feira (3) pelo Grupo de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco), a Caravana está sob investigação do Ministério Público Estadual (MPE). Segundo o promotor Mauro Zaque, coordenador do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público, há suspeita de que o governo pagou à empresa 20/20 Serviços Médicos S/S por cirurgias não realizadas. Responsável pelas cirurgias oftalmológicas na Caravana da Transformação, a empresa recebeu mais de R$ 42 milhões da Secretaria de Saúde nos últimos três anos, segundo o portal Mira Cidadão.
Pedro Taques, o defensor de operações
O presidente da Assembleia, Eduardo Botelho (DEM), disse que considerou normal haver operações. “Vejo como um processo corriqueiro e o MPE está fazendo o papel dele”, disse.
Para o deputado, a ação do MPE pode afetar o processo eleitoral. “A credibilidade sempre cai quando você é vítima de uma operação. Quando teve operação aqui na Assembleia, houve desgaste para os deputados, então vai haver desgaste para o governo”, disse. Na sequência, ele alfinetou Taques. “Um dos grandes defensores das operações é o governador Pedro Taques”, observou.
Ex-líder do governo, Dilmar Dal’Bosco (DEM) rechaçou a possibilidade de a operação ter cunho eleitoral, como aventou o secretário de Saúde, Luiz Soares, em entrevista na segunda. “Não é uma operação eleitoreira. É uma operação do MPE. Não foi por meio da Assembleia que começou essa apuração. Que eu saiba, não tem nenhum candidato dentro do MPE. É uma maneira de justificar o injustificável”, disse.
Sem “carimbo” de corrupto
O vice-líder do governo, Wilson Santos (PSDB), foi à tribuna rebater Janaina e defender Pedro Taques e Luiz Soares. “Essa operação não vai carimbar Luiz Soares nem Pedro Taques. Conheço Luiz há 30 anos, sempre teve a marca da honestidade”, afirmou.
Ele comparou a situação de Taques à do ex-governador Dante de Oliveira (PSDB), denunciado pelo governo do seu sucessor, Blairo Maggi (PP). “O suplício de Dante de Oliveira com a chamada ‘caixa preta’. O maior homem público de Mato Grosso foi vítima de uma trama que, na minha concepção, foi o início de sua morte. O governador que sucedeu Dante dizia que ele desvio R$ 1,6 bilhão dos cofres públicos. Esta Casa instalou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) presidida por Zé do Pátio, o TCE instalou uma profunda investigação”, discursou.
Wilson disse ver com estranheza o fato de a operação ter sido deflagrada em período eleitoral, enquanto o governador concorre à reeleição. “A operação que aconteceu ontem deveria ter acontecido antes. Por que não fez logo após a primeira edição, feita em Barra do Bugres? Não somos contra a operação do MPE, apenas achamos estranho ela ocorrer em período eleitoral, e continuaremos convidando o Ministério Público para as próximas edições da Caravana”, afirmou.
Segundo o tucano, a Caravana é alvo de ataques por realizar cirurgias a custo menor que em hospitais particulares. “O preço da cirurgia é tabela SUS, por isso alguns setores se levantaram contra a Caravana. A cirurgia custa de R$ 4 mil a R$ 8 mil por olho na iniciativa privada. É por isso que todos os candidatos ao governo dizem que não extinguirão a Caravana da Transformação”, concluiu.
