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Interceptações telefônicas mostram suposta ameaça a servidor da Sefaz

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Interceptações telefônicas mostram suposta ameaça a servidor da Sefaz

Ednilson Aguiar/O Livre

 Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública Defaz

Defaz interceptou ligações durante investigações

As interceptações telefônicas realizadas pela Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Administração Pública (Defaz) na Operação Crédito Podre mostram que integrantes do suposto grupo criminoso estariam ameaçando um servidor da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz).

O gerente de Monitoramento da Sefaz Rafael da Cruz Araújo estaria atuando de maneira firme e atrapalhando o desenvolvimento das fraudes do grupo investigado pela Defaz. Em gravação, o empresário Marcelo Medina, um dos 16 presos preventivamente, afirma que o servidor poderia “amanhecer com a boca cheia de formiga”.

As investigações apuram fraudes na comercialização interestadual de milho, algodão, feijão, soja, arroz, milho, sorgo, painço, capim, girassol e niger. As empresas, então, acumulavam os créditos de ICMS, mas a falta de lastro financeiro tornava impossível que a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) cobrasse as dívidas. Os produtos acabavam sendo exportados sem o pagamento de imposto.

Reprodução/O Livre

Interceptação telefônica Operação Crédito Podre Defaz

Ao menos 20 empresas de fachada eram utilizadas para emitir notas fiscais falsas, fraudando o recolhimento de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

O empresário Marcelo Medina é representante da Vigor Comércio de Cereais Ltda, uma das empresas supostamente beneficiadas pelas fraudes, e foi gravado em conversa com um homem identificado como Nelson. No diálogo, Marcelo aparece conversando sobre como a Sefaz estaria impedindo que as empresas de fachada do grupo atuassem.

“E ‘tá’ parado de tudo, mas tem que ‘fazeno’ aos pouco que hora que sobra uma brecha tem que tenta entrar, mais eu nem sei o que vai virar isso aí… Que virou um bosta eim!”, diz em ligação interceptada pela polícia.

Marcelo Medina cita que um “chefe”, “um tal de Rafael”, estaria atrapalhando o esquema. “Disque o homem dorme dentro da Sefaz, quando uma firma faz uma nota de algodão ela vai lá e cancela a inscrição da firma!”, vê em trecho da conversa.

O empresário se mostra irritado e eleva o tom da conversa. “Desse jeito! O cara é… Aquele cara qualquer hora vai amanhecer com a boca cheia de formiga, cê vai ver! Ele tá f***** meio mundo, véi!”, diz.

Na decisão que autorizou a deflagração da operação, a juíza Selma Rosane Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, afirma que a conversa “indica o grau de sua periculosidade [Marcelo] e da suposta organização criminosa”.

O empresário Wagner Fernandes Kieling seria o líder da organização criminosa – ele é sócio da Ápice Administradora e Gestão Empresarial, empresa que coordenaria as demais utilizadas no esquema.

Além de Marcelo e Wagner, também foram presas outras 14 pessoas, entre contadores, empresários e vendedores de notas fiscais: Clóvis Conceição da Silva, Rogério Rocha Delmindo, Diego Jesus da Conceição, Valdecir Marques, Rinaldo B. Ferreira Junior, Theo Marlon Medina, Paulo H. Alves Ferreira, Paulo Serafim da Silva, Rivaldo Alves da Cunha, Kamil Costa de Paula, Evandro Teixeira de Rezende, Paulo Pereira da Silva, Jean Carlos Lara, Neuza Lagermann de Campos.

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