Em tempos de WhatsApp, Maria – nome fictício – procurou um jornal impresso para divulgar uma oração que acredita ser poderosa. Contrariando toda a modernidade da era digital, ela resolveu atender o que estava escrito no papel ao pé da letra, “publicar 3 dias seguido em um jornal”.
O pedido é direcionado à Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. A santa são atribuídos vários milagres e alguns muito marcantes como o do escravo Zacarias.
Segundo relatos da época em que o país era colônia, ele estava algemado e sendo puxado por um capataz. Quando passou em frente a igreja, pediu para orar por Nossa Senhora e as correntes se abriram, o deixando livre.
E ainda existem os inúmeros casos de cura de doenças, solução de problemas familiares e financeiros. Todos atribuídos à santa.
Conforme Maria, basta ter fé para ser atendido. E ela tem tanta convicção do seu sentimento, que vai publicar a oração antes mesmo de ter a graça atendida.
“Estou passando um momento difícil e tenho certeza que ela irá me ajudar”, relata.
Mesmo não se considerando católica e, sim, espiritualista, Maria diz ter acompanhado durante a vida vários testemunhos de graças e fez a sua primeira “corrente” foi repassada quando ainda era criança.
Na ocasião, recebeu uma carta escrita à mão que passava a oração e pedia que fizesse o mesmo para um determinado número de pessoas. Então, a menina pegou o caderno e começou a escrever. Depois, contou com os pais para fazer a distribuição.
“Eu sei que tem muita gente que coloca na internet. Mas eu vou seguir o que está escrito. Se é impresso, divulgarei impresso”, afirma.
O Jornal
A vendedora de espaços publicitários no Jornal A Gazeta, Abadia Silva Moraes, conta que, antigamente, a procura era grande por quem queria publicar orações. A Nossa Senhora Desatadora dos Nós era a mais popular entre os clientes.
Muitos tinham história de superação à doença, crise financeira ou conflitos familiares.
Abadia atua há 35 anos no mercado e percebeu a gradual mudança de interesse das pessoas. Sem saber definir se é falta de fé ou o uso do meios digitais, ela lamenta a mudança de comportamento.
Além das orações, pedidos e publicações de graças, também era comum a publicação de missas de 7º dia e até mesmo comemorativas. Mas, nesses casos, a ação ficava mais por conta das famílias tradicionais de Cuiabá.
Nossa Senhora Desatadora de Nós
A pintura do artista alemão Johann Schimidtner, de 1.700, marca o primeiro aparecimento de Nossa Senhora Desatadora de Nós. Na interpretação da obra, um anjo dá para Nossa Senhora um cordão com vários nós.
Eles seriam de tamanhos diversos e também rigidez diferentes.
Então, ela desmancharia os nós, que representam nossos problemas, erros e defeitos. E, ao final, os anjos levariam apenas o fio liso, como se as pessoas estivessem livres de todo o mal.